Evereste. Alterações climáticas responsáveis por número recorde de mortes
Este ano já morreram 17 pessoas nas excursões realizadas ao pico do mundo. Todas as temporadas, morreram entre cinco a dez pessoas.
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Mundo Monte Evereste
A temporada deste ano de subidas ao Monte Evereste está a tornar-se na mais mortífera de sempre, com 17 pessoas a morrerem este ano. Os especialistas ambientais apontam para as alterações climáticas e o seu impacto no gelo e na temperatura do monte como uma das principais razões para o aumento de mortalidade, que pode não ficar por aqui.
Segundo a Himalayan Database, que monitoriza os incidentes na cadeia montanhosa dos Himalaias (onde fica o Evereste, no Nepal) refere que um total de 12 pessoas foi confirmada como morta, com cinco desaparecidos a serem considerados vítimas mortais, perante a ausência de contacto por mais de cinco dias.
Ao The Guardian, o diretor do departamento de Turismo do Nepal afirma que "a causa principal é a mudança na meteorologia". "Esta temporada, as condições climatéricas não estão favoráveis, são muito inconstantes. As alterações climáticas tiveram um grande impacto nas montanhas", explicou Yuba Raj Khatiwada.
Também na base do monte, onde são iniciadas as excursões, tem havido preocupações ambientais com o desgaste nos glaciares devido à presença humana. Um estudo recente indicou que os glaciares do Evereste já perderam 2.000 anos de gelo nos últimos 30 anos.
Este é já o pior ano de sempre no Monte Evereste, estando prestes a bater o ano de 2014, quando uma avalanche matou vários 'sherpas' (os guias que encaminham os turistas pela montanha). Em média, morreram cerca de cinco a dez pessoas todas as temporadas.
Entre os mortos estão Jason Kennison, um mecânico que sobreviveu a uma lesão cervical para chegar ao monte, mas não atingiu o cume; um médico canadiano; três sherpas; um montanhista húngaro que tentou subir a montanha sem guia e sem oxigénio; e um montanhista de nacionalidades índia e singapurense, que terá caído do monte.
O aumento de mortalidade também está a reafirmar os receios das autoridades ambientais e culturais, que apontam que a maior facilidade com que são emitidas permissões para subir o Monte Evereste está causar mais constrangimentos no perigoso cume, mais lixo, mais impacto ambiental e mais repercussões para o ecossistema e meteorologia no topo do monte mais alto do planeta Terra.
Tudo isto surge numa altura em que se comemora o 70.º aniversário da primeira subida ao pico do Evereste, quando Edmund Hillary e Tenzing Norgay tornaram-se nas primeiras pessoas a respirarem o ar no ponto mais elevado do mundo. Desde então, a obsessão por atingir o pico só tem crescido, com mais de 10 mil pessoas a poderem dizer que estiveram no topo.
O The Guardian explica que o governo nepalês emitiu 479 permissões este ano, com cidadãos estrangeiros a pagarem cerca de 11 mil euros para poder escalar o Evereste - sendo que esta fonte de receita acaba por ser fulcral para o Nepal, que depende do turismo dos Himalaias.
Mas especialistas regionais alertam que este excesso de movimento na ascensão tornou o Evereste num "parque de recreios" para os ricos, que muitas vezes sobem sem qualquer tipo de experiência de montanhismo em alta altitude. "A raiz do número elevado de mortes está nos clientes inexperientes que se desgastam e não conseguem voltar para trás a tempo", disse Alan Arnette, que subiu em 2011 e que agora escreve sobre questões ambientais.
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