Os ministros defenderam a nova ordem no início de uma reunião de dois dias, em que também estão a preparar a cimeira de chefes de Estado e de Governo, agendada para agosto na África do Sul.
Na abertura do encontro, a ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana, Naledi Pandor, indicou que o BRICS deve "aportar na liderança de um mundo fraturado pela tensão geopolítica, desigualdade e deterioração da segurança global".
Pandor defendeu também a "inclusão de África e do mundo num mundo mais justo e equitativo baseado no respeito mútuo e soberania igual das nações".
A África do Sul, que preside atualmente ao grupo BRICS, indicou que pelo menos 19 países da Ásia, América Latina e Europa, enviaram por escrito pedidos de adesão ao grupo regional, salientando que a agenda de expansão integra o potencial estabelecimento de uma moeda comum.
Nesse sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, frisou que "o mundo está a mudar", salientando que "os países da América Latina, Ásia e África estão a fortalecer as suas posições e a mostrar disposição para manterem os seus interesses nacionais e desempenhar um papel igualitário nos processos globais".
"A ordem mundial que estava orientada a gerar benefícios para um país ou para um grupo de países é um tema do passado", vincou o chefe da diplomacia russo.
O ministro russo denunciou que "o Ocidente está a envolver-se na chantagem e as sanções tratam de influenciar a seleção de modelos económicos", garantindo que "os BRICS desempenharão um papel cada vez mais importante nos assuntos globais, especialmente porque esta união é um verdadeiro exemplo de multilateralismo, inclusão e não discriminação".
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou no início da reunião que o BRICS "é um mecanismo indispensável para construir uma ordem mundial multipolar que reflita as vozes e necessidades dos países em desenvolvimento".
O governante brasileiro elogiou a recente nomeação da ex-chefe de Estado brasileira Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do BRICS.
Por seu lado, o chefe da diplomacia da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, instou o BRICS a "enviar uma forte mensagem de que o mundo é multipolar, e que está a reequilibrar-se", defendendo a reforma dos organismos de decisões globais como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"A arquitetura internacional atual não reflete a política, a demografia ou as aspirações atuais", indicou.
Está previsto que no final do encontro, em que interveio também o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaoxu, o grupo divulgue um comunicado conjunto.
No final do primeiro dia, os ministros do BRICS reiteraram ainda o "reforço do multilateralismo", incluindo o cumprimento dos princípios da carta da ONU, expressando preocupação com "o uso de medidas coercivas unilaterais, que são incompatíveis com os princípios da carta da ONU e produzem efeitos negativos notadamente no mundo em desenvolvimento".
A reunião na Cidade do Cabo contará ainda com a presença de delegados de países como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Egito e o Cazaquistão, que manifestaram intenção de integrar o grupo das principais economias emergentes no mundo, segundo o embaixador sul-africano no BRICS, Anil Sooklal.
O Brasil, a Rússia, a Índia e a China criaram em 2006 o grupo BRIC, a que se juntou a África do Sul em 2010, em Joanesburgo.
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