"Notamos com pesar a violência que levou à destruição de bens públicos e privados e infelizmente à morte de nove pessoas em Dacar e Ziguinchor", disse, na televisão nacional, o ministro, reconhecendo ainda a imposição de restrições no acesso às redes sociais.
Centenas de jovens saíram na quinta-feira à rua em várias cidades senegalesas, após Sonko ser condenado a dois anos de prisão por corrupção de menores, um veredicto que o impedirá de concorrer às próximas presidenciais.
Os protestos ocorreram em diferentes bairros de Dacar, a capital, mas também em algumas cidades como Ziguinchor, Bignona (sul do país), Saint-Louis, Louga (norte), Kaolack (centro-oeste) e Mbour (oeste).
Os manifestantes ergueram barricadas com pneus e veículos em chamas, atiraram pedras às forças policiais e saquearam lojas e edifícios públicos.
Em resposta, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogéneo para controlar a situação.
Em comunicado, o partido político de Sonko - Patriotas do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (PASTEF, na sigla em francês), declarou que "este veredicto sobre a acusação é a última etapa da conspiração urdida por [o Presidente senegalês] Macky Sall e os seus acólitos contra o principal opositor deste país".
"Nunca a República do Senegal e as suas instituições foram tão desprezadas, manchadas e profanadas! A sobrevivência do Senegal e do povo senegalês está em jogo!", declarou o PASTEF.
O partido de Sonko denunciou "energicamente" o veredicto, apelou à mobilização em todo o Senegal e pediu às forças de segurança e ao exército que se colocassem ao lado do povo.
"Povo senegalês, parem todas as atividades e saiam à rua para fazer frente aos excessos ditatoriais e sanguinários do regime de Macky Sall até que ele deixe a chefia do Estado!", lê-se no comunicado.
Um tribunal de Dacar condenou Sonko a dois anos de prisão por corrupção de menores, depois de ter sido julgado em 23 de maio, após ter sido acusado por uma jovem massagista, Adji Sarr, de "violações repetidas" e "ameaças de morte".
Esta condenação torna o candidato da oposição inelegível para as eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024, de acordo com o Código Eleitoral senegalês.
O veredicto foi anunciado numa altura de protestos dos seus apoiantes, enquanto Sonko está detido em casa desde domingo, rodeado de forças policiais, uma restrição das liberdades que a organização Amnistia Internacional descreveu como ilegal, uma vez que o líder da oposição não tinha sido notificado de "qualquer ato".
O veredicto surge depois de o líder da oposição ter sido condenado, em 08 de maio, a seis meses de prisão suspensa por difamação e calúnia pública de um ministro senegalês, que acusou de corrupção.
Sonko e a sua comitiva acusaram Macky Sall, presidente do país desde 2012 e reeleito em 2019, de "instrumentalização" da justiça para impedir o opositor de concorrer às eleições de 2024.
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