Falando em nome do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que não conseguiu estar presente num evento de angariação de fundos devido a uma "emergência familiar" que o levou a viajar para Portugal na noite de quinta-feira, Courtenay Rattray indicou que a UNRWA é uma pilar da estabilidade regional, além de uma "tábua de salvação de esperança e oportunidade" para milhões de palestinianos.
Contudo, a agência permanece "presa no limbo financeiro", com as suas necessidades crescentes a serem atendidas por "fundos estagnados".
"Na verdade, alguns dos maiores e mais confiáveis doadores sinalizaram recentemente que podem reduzir as suas contribuições. Isso é profundamente preocupante. A agência já está a operar com um défice de cerca de 75 milhões de dólares. Sejamos claros: a UNRWA está à beira de um colapso financeiro", frisou.
De acordo com o chefe de gabinete de Guterres, as consequências de novos cortes orçamentários seriam catastróficas para as operações da agência, colocando em risco a vida de milhões de refugiados palestinianos que dependem de serviços essenciais, como educação para mais de meio milhão de crianças, ou cuidados de saúde para cerca de dois milhões de pessoas.
Dados da ONU apontam que o ano passado foi o mais mortal para os palestinianos desde que o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) começou a rastrear sistematicamente as mortes, em 2005.
A escalada da violência entre Israel e a Jihad Islâmica na Palestina tem exposto a volátil situação de segurança na região.
Essa escalada fez agravar a já grave situação humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 100 unidades habitacionais foram completamente destruídas e mais de 125 foram danificadas e tornaram-se inabitáveis, deslocando mais de 1.100 palestinianos.
Face à dramática situação no terreno, Guterres classificou a UNRWA como "um dos poucos raios de esperança" na região, apelando ao total financiamento das operações da agência em prol dos refugiados da Palestina.
Na quinta-feira, os Estados Unidos anunciaram uma contribuição de cerca de 153 milhões de dólares (143 milhões de euros) para a agência, apontando que esses fundos serão essenciais para manter abertas escolas e centros de saúde.
Com esse dinheiro, a contribuição de Washington este ano já ultrapassa os 200 milhões de dólares (187 milhões de euros). Os Estados Unidos - o maior doador da UNRWA - destinaram no ano passado à agência um total de 344 milhões de dólares (321 milhões de euros).
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