A resolução que renova o mandato foi adotada com 15 votos favoráveis de todos os Estados-membros que integram o Conselho de Segurança e mantém as tarefas centrais da UNITAMS.
"O Conselho enviou um apoio unificado à UNITAMS. Gostaria de prestar homenagem aos esforços do pessoal da ONU no Sudão, que continua a fazer um trabalho vital em circunstâncias extremamente desafiadoras", disse, após a votação, o diplomata James Kariuki, do Reino Unido, país que liderou as negociações em torno da resolução.
"A situação no Sudão continua a ser motivo de grande preocupação, em particular no que diz respeito às necessidades humanitárias da população. Esta renovação sublinha que a ONU continuará a apoiar as suas reivindicações de paz e democracia", acrescentou.
As difíceis negociações deste ano sobre o mandato da UNITAMS ocorreram num momento de grave escalada de violência no Sudão.
O conflito, que opõe o exército sudanês ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês) e que eclodiu em 15 de abril, fez pelo menos 850 mortos e mais de 5.500 feridos, e provocou a deslocação interna e externa de mais de 1,3 milhões de pessoas, segundo as Nações Unidas.
O projeto de resolução prolonga o mandato da UNITAMS por seis meses, em vez do habitual período de um ano, precisamente devido à recente escalada do conflito no país africano, que desafiou significativamente a capacidade da missão de implementar o seu mandato.
O relatório mais recente do secretário-geral da ONU, António Guterres, datado de 16 de maio, observou que os combates colocaram graves dificuldades operacionais à missão, levando-a a suspender atividades como capacitação, assistência ao desenvolvimento e visitas de campo.
No geral, o Conselho de Segurança acredita que a extensão por meio ano permitirá monitorizar os desenvolvimentos de perto e, então, reavaliar o mandato da UNITAMS.
Após a votação, Gana, Moçambique e Gabão - numa declaração conjunta - indicaram haver um risco acrescido de guerra civil caso o conflito prossiga no Sudão, temendo graves consequências para toda a região.
"A situação humanitária alarmante que afeta civis, deslocados internos e os muitos refugiados nos países vizinhos exige que sejam tomadas medidas compatíveis com o sofrimento e os riscos incorridos. O Conselho de Segurança deve, com urgência, mobilizar-se para financiar o plano de resposta humanitária de 2023 para o país, assim como para financiar os planos de resposta humanitária dos países vizinhos que acolhem um grande número de refugiados sudaneses", declararam os três países africanos.
Já o embaixador norte-americano Robert Wood lamentou que o "Conselho não tenha conseguido chegar a um consenso sobre um mandato atualizado, que é necessário agora mais do que nunca".
"Esperamos que o Conselho se possa reunir nos próximos meses e chegar a um acordo sobre uma resolução que reflita com mais precisão a situação no terreno e capacite a missão para apoiar melhor o fim do conflito", disse o embaixador.
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