As declarações do ayatollah Ali Khamenei, citadas pela agência Associated Press, surgem numa altura de impasse com os países ocidentais sobre o programa nuclear do Irão, que fez grandes avanços nos últimos cinco anos, desde que o então presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo internacional que impunha restrições.
Simultaneamente, Donald Trump restaurou fortes sanções contra o Irão, que contribuíram para uma grave crise económica.
O Irão apoia a invasão da Ucrânia pela Rússia, tendo fornecido drones armados que causaram danos na capital ucraniana, Kiev.
"Algumas pessoas enganam-se quando pensam que, se recuarmos nas nossas posições, em certos casos, isso faria com que a hostilidade dos Estados Unidos, a arrogância global ou [a atitude de] Israel em relação a nós diminuiriam", disse Khamenei.
"Isso é um erro", apreciou, no discurso anual que assinala a morte do ayatollah Ruhollah Khomeini, seu predecessor e fundador da República Islâmica.
Khamenei aludiu também aos protestos nacionais registados no outono passado, desencadeados pela morte de uma mulher de 22 anos, Mahsa Amini, que havia sido detida pela polícia de bons costumes por supostamente violar o rígido código de vestuário vigente no país.
Os protestos transformaram-se em apelos ao derrube do regime da República Islâmica, contra décadas de repressão e má administração económica, e foram reprimidos brutal e mortalmente e depois extintos, em grande parte.
As autoridades iranianas atribuíram os protestos a uma conspiração estrangeira, sem fornecer provas.
"Bandidos e vilões fizeram o que fizeram e indivíduos maliciosos entoaram tais slogans", classificou Khamenei.
"De acordo com a sua conspiração, pensavam que a República Islâmica estava acabada e poderiam tomar a nação iraniana como serva. Esses tolos, mais uma vez, estavam errados. Mais uma vez, revelaram não conhecer o nosso povo", disse.
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