A Human Rights Campaign (HRC), a maior organização norte-americana de defesa dos direitos LGBTI+, anunciou, esta terça-feira, ter declarado, pela primeira vez, um 'estado de emergência', considerando que a comunidade queer norte-americana "enfrenta ameaças extremistas para retirar direitos".
A iniciativa da HRC surge numa altura em que os direitos LGBTI+ nos Estados Unidos, especialmente da comunidade trans, estão a ser cada vez mais limitados em estados controlados por republicanos conservadores. Nessas regiões, são cada vez mais frequentes a abolição de práticas de saúde de afirmação de género (desde terapias hormonais a cirurgias), a participação de pessoas trans em desportos, a proibição de espetáculos drag para menores de idade, entre muitas outras medidas.
A Florida, estado governado pelo agora candidato presidencial Ron DeSantis, tem uma das políticas mais polémicas, com a promulgação em 2022 da lei 'Don't Say Gay' (do inglês, 'Não Digas Gay'), que impede professores de abordarem, esclarecerem alunos ou falar sobre assuntos LGBTI+ nas salas de aula e em conteúdos educativos - e estão proibidos mesmo de esclarecer dúvidas de alunos queer, sob ameaça de despedimento. A medida foi recentemente reproduzida no Louisiana.
No seu site, a HRC justificou o 'estado de emergência' devido ao "crescimento sem precedentes e perigoso de ataques legislativos anti-LGBTI+ em câmaras estatais no último ano".
For the first time ever, we're declaring a national state of emergency as LGBTQ+ Americans face extremist attempts to roll back our rights. It's more important than ever we have the necessary resources to stay safe no matter where we are. https://t.co/EcnZgqDDCp pic.twitter.com/q0axEWCM1N
— Human Rights Campaign (@HRC) June 6, 2023
"Mais de 75 leis anti-LGBTI+ foram promulgadas só este ano, mais do que duplicando o número do ano passado, que já era o pior ano desde que há registo", acrescenta a organização não-governamental. Foi apresentado ainda um relatório, denominado 'Americanos LGBTI+ Sob Ataque', que aponta que o aumento destas leis se deve a esforços coordenados no Partido Republicano, apoiado por "grupos extremistas bem financiados".
Aliada à declaração, a HRC criou uma página de avisos de viagem para a comunidade queer, na qual, à semelhança do que fizeram autoridades internacionais para a Covid-19, elencam os diferentes estados e as políticas discriminatórias de cada um.
O guia também incluiu pontos de informação importantes para pessoas LGBTI+, nomeadamente sobre como apresentar queixas de violações de direitos humanos, como angariar dinheiro para organizações, como argumentar contra conversas mais tensas entre familiares e elenca ainda empresas e estados "seguros" para as pessoas queer.
Kelley Robinson, presidente da HRC, explicou à Associated Press que o documento tem como objetivo apoiar as milhões de pessoas vulneráveis, "quer estejam a planear uma viagem de verão por regiões que se tornaram mais hostis com pessoas LGBTI+, quer já vivam num estado onde os ataques legislativos e extremismo político continuam a colocar um alvo nas suas costas".
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