No primeiro trimestre de 2023, registou-se um "aumento notável", em comparação com o período homólogo do ano passado, dos crimes de burla, com 435 casos (+35,5%), crimes contra o património, com 1.765 casos (+33,2%), e crimes de pagamento 'online' com cartões de crédito (+34%) num total de 57 casos, afirmou, em conferência de imprensa, o secretário para a Segurança de Macau.
"Acredita-se que tal acréscimo está relacionado com o aumento dos turistas, após o alargamento das medidas de passagem transfronteiriça, com a recuperação gradual da economia e com a grande dependência da Internet que o público criou durante a epidemia", explicou Wong Sio Chak.
À semelhança da China continental, Macau adotou a política de 'covid zero', impondo, até ao final de 2022, rigorosas medidas antipandémicas, nomeadamente restrições fronteiriças, quarentenas que chegaram até 28 dias e várias testagens de toda a população.
No futuro, o aumento dos turistas vai contribuir para a recuperação da economia do território, duramente afetada pelas medidas anticovid, "mas pode, ainda, trazer eventuais fatores indetermináveis que afetem a segurança da sociedade", considerou.
Por isso, sublinhou o responsável pela pasta da Segurança, o Governo vai continuar a desenvolver trabalhos de sensibilização e de prevenção da criminalidade "de acordo com as tendências das mudanças dos diferentes tipos de crimes".
Apesar desta subida da criminalidade, ressalvou Wong Sio Chak, os números "são significativamente inferiores" ao registados antes da pandemia.
Neste sentido, no primeiro trimestre de 2023, as autoridades instauraram no total 3.006 inquéritos criminais, que representam um aumento de 441 casos e uma subida de 17,2% relativamente ao mesmo período de 2022, mas uma queda de 358 casos (-10,6%) face aos primeiros três meses de 2019.
Ainda de acordo com os dados divulgados por Wong, entre janeiro e março deste ano, Macau registou uma subida de 44,2% (62 casos) da criminalidade violenta, em relação ao período homólogo de 2022: os crimes de fogo posto subiram 166,7% (16 casos), o roubo aumentou 100% (oito casos), o crime de violação 28,6% (nove casos) e o abuso sexual de criança subiu 11,1% (dez casos).
Numa avaliação realizada ao impacto do setor do jogo - principal motor da economia de Macau que está a recuperar com o levantamento das medidas anticovid - na segurança do território, Wong Sio Chak referiu que o número de crimes associados aos casinos aumentou de 127 casos, no primeiro trimestre de 2022, para 158, no mesmo período deste ano.
Mais uma vez, o secretário notou que os números foram inferiores aos registados em 2019 (438 casos), 2020 (186) e 2021 (164).
Leia Também: Macau. Fim de associação pró-democracia "é uma liberdade", diz governo