"Milagre na selva". Crianças comeram farinha e sementes para sobreviver

Fracas, desidratadas e cobertas de picadas de mosquito - mas vivas - foi como foram encontradas as quatro crianças que sobreviveram a um acidente de avião e passaram quarenta dias sozinhas na floresta amazónica da Colômbia.

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Notícias ao Minuto
11/06/2023 12:56 ‧ 11/06/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Colômbia

Os olhos estão postos nas quatro crianças que foram encontradas com vida na tarde de sexta-feira, dia 9 de junho, depois de terem sido procuradas pelas Forças Armadas da Colômbia, dois cães e um grupo de indígenas durante 40 dias, após ficarem sozinhas na selva.

Fracas, desidratadas e cobertas de picadas de mosquito - mas vivas - foi como foram encontradas as quatro crianças que sobreviveram a um acidente de avião e passaram todos esses dias sozinhas na floresta amazónica da Colômbia. Lesly, de 13 anos, Soleiny, de 9, Tien, de 4 e Cristin, de 1, foram encontrados na sexta-feira, pelas forças armadas colombianas.

Fidencio Valencia Mucutui, avô das quatro crianças indígenas sobreviventes, referiu, citado pela Caracol Radio, que os seus netos, que estão a recuperar no Hospital Militar, conseguiram sobreviver a comer farinha e sementes no meio da selva.

"Nunca pensámos que os íamos encontrar. Quando o avião caiu tiraram a farinha e com isso sobreviveram. Depois de ficarem sem farinha, começaram a comer sementes que apanhavam", disse o avô.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Iván Velásquez, deu pormenores sobre o estado das crianças e garantiu que terão de receber assistência psicológica.

"Estão num estado de choque que é muito compreensível. A menina mais velha está muito interessada em ver televisão, em ver programas infantis. As enfermeiras disseram-nos que, desde ontem, quando chegou à meia-noite, a primeira coisa que disse foi para ligar a televisão e não parou de ver televisão", afirmou.

O ministro salientou ainda que as crianças "têm de fazer acompanhamento psicológico porque foi uma experiência muito dura". "Não dizem uma frase completa, que resulta do estado de choque e de medo em que devem estar", frisou.

No entanto, afincou, que "estão todas a ouvir as conversas" que têm com elas "e acenam com a cabeça". Em relação ao relatório médico, garantiu que as crianças estão bem e que a recuperar satisfatoriamente.

"Milagre na selva"

"Milagre na selva", era a manchete da imprensa colombiana, no sábado de manhã. Uma fotografia tirada na floresta mostrava as crianças, desnutridas, rodeadas por um grupo de soldados e membros da equipa de busca. 

No Twitter, o presidente colombiano, Gustavo Petro, descreveu ser "uma alegria para todo o país!", ao anunciar, ao início da noite de sexta-feira, que as crianças tinham sido encontradas. "Estavam sozinhas, conseguiram safar-se sozinhas. Um exemplo de sobrevivência absoluta que ficará na história", acrescentou, algumas horas mais tarde numa conferência de imprensa.

"Fizemos o que era necessário para tornar possível o impossível", aludiu o general Pedro Sanchez, comandante das forças especiais e da 'Operação Esperança'.

Como tudo aconteceu?

O pequeno avião Cessna 206, no qual as quatro crianças viajavam com a mãe, desapareceu dos radares no dia 1 de maio, quando atravessava uma rota entre Araracuara e San José del Guaviare, no sul do país. O piloto relatou um problema no motor antes de perder o controlo da aeronave.

Duas semanas depois, os militares encontraram os destroços do avião esmagados e os corpos dos três adultos que viajavam a bordo. Mas as crianças - três raparigas e um rapaz - tinham desaparecido. "O mais espantoso é o facto de estas crianças terem sobrevivido ao acidente. O choque foi extremamente violento", sublinhou o coronel do exército Fausto Avellaneda, que coordenou as ações terrestres da 'Operação Esperança'.

As crianças, da comunidade indígena Huitoto, viviam em Araracuara, uma aldeia no coração da selva, antes do acidente. Segundo os familiares, citados pelo Le Monde, os dois mais velhos sabiam reconhecer as frutas comestíveis.

Numa fotografia tirada antes do acidente e que não foi divulgada à imprensa, a mais velha, de uniforme escolar, carregava ao colo a irmã mais nova, que estava de pijama. Soleiny tinha tranças e uma bola insuflável cor-de-rosa nas mãos e Tien uma bola azul. A fotografia foi provavelmente tirada numa festa de aniversário.

As quatro crianças passaram 40 dias na selva, depois da queda do avião ligeiro em que viajavam com o líder indígena Herman Mendoza, o piloto Hernando Murcia Morales e Magdalena Mucutuy.

Achados como pegadas, fraldas, fruta meio consumida, uma tesoura e um laço do cabelo foram o que manteve viva a possibilidade de as crianças estarem vivas.

Leia Também: Crianças resgatadas na selva já estão a receber tratamento em Bogotá

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