Esta suspensão da ajuda alimentar "pune milhões de pessoas", reagiu durante uma conferência de imprensa o porta-voz do governo da Eitópia, Legesse Tulu, considerando que esta decisão foi "política".
"Tornar apenas o governo responsável (pelos desvios) é inaceitável", acrescentou.
Na quinta-feira, a USAID, a agência de ajuda internacional do governo dos EUA anunciou a suspensão de ajuda alimentar ao país, denunciando uma "operação de desvio generalizada e coordenada".
No dia seguinte, o PAM anunciou que suspendia "temporariamente a ajuda alimentar", citando também "desvio de alimentos" e afirmando que "assistência nutricional a crianças, grávidas e lactantes, programas de refeição escolar e atividades de fortalecimento de agricultores e criadores" devido aos choques externos continuaria sem interrupção.
As autoridades etíopes, num comunicado de imprensa conjunto com a USAID, garantiram na noite de quinta-feira que decorria uma investigação conjunta para que os autores dos desvios sejam responsabilizados.
A agência americana já havia decidido em maio, ao mesmo tempo que o PAM, suspender a ajuda alimentar à região etíope de Tigray, que acabara de sair de dois anos de conflito em novembro, devido ao desvio de parte dessa ajuda, "vendido no mercado local".
Cerca de 20 milhões de pessoas, ou 16% dos 120 milhões de etíopes, dependem de ajuda alimentar, estimou a agência humanitária da ONU no final de maio, devido a conflitos e uma seca histórica na região que provocou a deslocação de 4,6 milhões de pessoas em todo o país.
A Etiópia também abriga quase um milhão de refugiados, principalmente do Sudão do Sul, Somália e Eritreia.
Desde meados de abril, quase 30.000 pessoas que fogem do conflito no Sudão também encontraram refúgio no leste da Etiópia.
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