"Os milicianos da Codeco mataram 41 pessoas no campo, sete ficaram feridas e vários alojamentos foram incendiados. Esta é a contagem provisória", disse Richard Dheda Kondo, responsável local de Djugu, na província de Ituri, onde se situa o campo de deslocados de Lala, em declarações aos jornalistas.
"Para este massacre, foram utilizadas armas brancas [como catanas] e armas de fogo", acrescentou.
O ataque, que ocorreu cerca das 01:00 de segunda-feira (23:00 TMG de domingo), foi repelido quando o exército congolês chegou ao local, disse Kondo.
A Codeco já invadiu campos de deslocados internos antes, incluindo um dos seus ataques mais mortíferos que provocou pelo menos 62 mortos no campo de Plaine Savo, também em Ituri, em fevereiro de 2022.
Algumas zonas de Ituri registaram recentemente uma grave escalada de ataques por parte de grupos armados, nomeadamente pela Codeco, que representa a comunidade Lendu e foi constituído como grupo armado em 2018 para combater os abusos do exército congolês.
Alguns dos piores massacres podem ter sido atos de retaliação contra a milícia da Frente Popular de Autodefesa de Ituri (FPAC-Zaire), que se descreve como um grupo de autodefesa para proteger a comunidade Hema contra os ataques da Codeco.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) têm um diferendo de longa data que causou milhares de mortos entre 1999 e 2003.
Perante esta vaga de violência, a conselheira especial da ONU para a prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu, alertou, em meados de janeiro, para o risco de genocídio.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão da ONU no país (Monusco), com 16.000 soldados no terreno.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de Segurança de Kivu (KST), o extremo leste da RDCongo é um campo de batalha para cerca de 120 grupos rebeldes.
Em meados de maio, o chefe da Monusco, Bintou Keita, alertou para o facto de pelo menos 518 civis terem sido mortos em Ituri por grupos armados - principalmente a Codeco - desde dezembro de 2022.
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