O antigo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, teria enfrentado uma possível suspensão de 90 dias da Câmara dos Comuns se não tivesse renunciado ao mandato de deputado, uma vez que o relatório Comissão dos Privilégios concluiu que enganou deliberadamente os parlamentares sobre o 'Partygate'.
"Concluímos que quando ele [Boris Johnson] disse à Câmara e a esta Comissão que as regras e orientações estavam a ser cumpridas, enganou deliberadamente a Câmara e esta Comissão", revelou o relatório da Comissão, publicado esta quinta-feira de manhã, citado pelo The Telegraph.
Face a essa conclusão, a Comissão afirma que teria sido recomendada uma suspensão de 90 dias se o ex-primeiro-ministro não tivesse renunciado ao mandato de deputado no parlamento britânico, na última sexta-feira.
"Se não tivesse renunciado ao cargo, teríamos recomendado que fosse suspenso do serviço da Câmara por 90 dias por desacatos repetidos e por tentar prejudicar o processo parlamentar", frisou.
O documento, que ainda tem de ser votado pelos deputados, pede ainda que seja retirado a Boris Johnson o acesso às instalações do Parlamento, uma condição que é concedida aos antigos chefes de governo.
Em resposta, Boris Johnson classificou o relatório como uma "farsa" e disse que a sua publicação representava um "dia terrível para os parlamentares e para a democracia".
O antigo primeiro-ministro britânico afirmou que o relatório "pretendia ser a facada final num assassinato político prolongado".
"Este relatório é uma farsa. Errei ao acreditar no na Comissão ou na sua boa fé. A terrível verdade é que não fui eu quem distorceu a verdade para servir aos meus propósitos", afirmou, num comunicado.
Recorde-se que Boris Johnson renunciou ao mandato de deputado no parlamento britânico, na sexta-feira, com efeito imediato. Em causa estava o relatório - com o resultado a ser divulgado esta quinta-feira, sobre o escândalo 'Partygate', que investigava a violação das regras impostas para conter a pandemia da Covid-19 por parte do seu gabinete.
Boris Johnson, cuja carreira foi uma montanha-russa de escândalos e reviravoltas, levou os conservadores a uma vitória esmagadora em 2019, mas foi forçado a sair pelo seu próprio partido menos de três anos depois.
Leia Também: Jornalista britânico cético sobre regresso de Boris Johnson à política