De acordo com declarações à cadeia de televisão Tigray, citadas pela agência Europa Press, o coordenador do comité de investigação criado pelas autoridades de transição na região, Fiseha Kidane, disse que estão implicados coordenadores de vários acampamentos de deslocados e até trabalhadores de agências humanitárias, que não foram nomeados.
Até agora, afirmou, foi possível confirmar o desvio de 4.300 toneladas de trigo, cerca de 130 mil litros de azeite de cozinha e 418.700 quilos de feijão por parte de entidades federais, com as forças da Eritreia a serem responsabilizadas pelo desvio de 2.900 toneladas de trigo, 432 mil litros de azeite e 144 mil quilos de feijão.
Fiseha pormenorizou que as autoridades regionais do Tigray são responsáveis pelo desvio de 1.500 toneladas de trigo, 42.759 litros de azeite e 14.240 quilos de feijão, uma operação que envolve um total de 186 suspeitos.
A Agência Internacional para o Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID) anunciou na semana passada a suspensão da entrega de ajuda humanitária à Etiópia por suspeitas de desvio, seguindo a iniciativa do Programa Alimentar Mundial, que suspendeu "temporariamente" a entrega de ajuda.
As informações então avançadas apontavam para que vários responsáveis etíopes em altos cargos estavam a desviar alimentos das populações e a entregá-los aos militares, para depois serem vendidos.
O conflito na região do Tigray estalou em novembro de 2020 depois de um ataque da Frente Popular para a Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) contra a principal base do exército etíope, em Mekelle, que teve como consequência uma ofensiva ordenada pelo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, no seguimento de meses de tensões políticas e administrativas.
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