Após uma visita à central, Grossi disse hoje que há água suficiente no reservatório de arrefecimento da central nuclear e que nenhuma medida adicional é necessária no momento, embora garanta que a sua organização vai continuar a monitorizar a situação.
De acordo com os 'media' russos, especialistas da AIEA visitaram as lagoas que abastecem de água a central de Zaporijia, que operam de forma independente desde a destruição da central hidroelétrica de Kakhovka.
O nível da água do reservatório caiu drasticamente devido à rutura da barragem em 06 de junho, embora esteja em 11,21 metros no canal de alimentação do reservatório da central nuclear e na própria lagoa de arrefecimento em 16,67 metros.
Grossi quis certificar-se pessoalmente do estado da central após a rutura da barragem, especialmente depois de ter apresentado ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na terça-feira, em Kiev, um programa de assistência para atenuar o impacto do desastre.
Atualmente, cinco dos seis reatores da central nuclear estão em estado de "desligamento a frio", enquanto o último está, por enquanto, em modo de "desligamento a quente".
Durante a visita, Grossi observou estragos em várias paredes da infraestrutura, bem como num fragmento de um tubo do sistema de refrigeração, resultado de confrontos entre as forças ucranianas e russas.
Grossi disse que a assinatura de um acordo sobre a segurança da central nuclear de Zaporijia entre a Rússia e a Ucrânia é neste momento irrealista, justificando a necessidade de uma monitorização por parte da AIEA e aproveitando para anunciar que a organização vai duplicar para quatro o número de fiscais.
Recentemente, o líder da AIEA estabeleceu um conjunto de princípios que a Ucrânia e a Rússia devem respeitar para garantir a segurança da central nuclear, dada a impossibilidade de criar uma zona de segurança: não lançar ataques contra a central; que esta não seja utilizada para armazenar armas ofensivas; que não seja posto em risco o fornecimento de energia elétrica à instalação; que todas as suas estruturas sejam protegidas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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