Jair Bolsonaro perdeu as últimas eleições presidenciais no Brasil, mas tudo aponta para que tenha planeado um golpe de Estado para contrariar os resultados do escrutínio. A revelação é feita pela revista Veja, que dá conta de que o plano em causa terá sido encontrado no telemóvel do tenente-coronel Mauro Cid, assessor do antigo chefe de Estado.
A sua ideia? Segundo a revista citada, passava por anular o resultado das eleições, afastar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na perspetiva dos derrotados, teriam interferido no escrutínio, e colocar o país debaixo de controlo militar até que nova votação fosse realizada. Tudo isto com um único objetivo: perpetuar a permanência de Jair Bolsonaro no poder.
O plano consta de um documento de três páginas a que a Veja teve acesso e que faz parte, por sua vez, de um relatório de 66 páginas da autoria da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, após acederem a mensagens de WhatsApp, áudios, backups de segurança e arquivos armazenados no telemóvel de Mauro Cid.
O documento, intitulado 'Forças Armadas como poder moderador', descreve o plano, passo a passo. Relata o mesmo que o chefe de Estado ainda no poder na altura - Jair Bolsonaro - devia encaminhar um relato das inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário aos comandantes das Forças Armadas, que analisariam a argumentação. Caso concordassem com os mesmos, deviam nomear um "interventor" que seria investido de poderes absolutos.
Seria definido por ele, depois, um prazo para o "reestabelecimento da ordem constitucional", após o qual poderia suspender as decisões que, na sua ótica, fossem inconstitucionais - e até afastar os magistrados do Supremo Tribunal Federal, que seriam também alvo de inquéritos, convocando substitutos. Isto enquanto tanto a Polícia Federal, como a Polícia Rodoviária Federal, estariam sob o seu comando. Só num último momento seria marcada uma data para a realização de uma nova eleição presidencial.
Recorde-se que após o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ter sido proclamado vitorioso, numa segunda volta eleitoral no escrutínio de final do ano passado, os apoiantes do presidente cessante apressaram-se a pedir às Forças Amadas por um golpe de Estado, para impedir que Lula da Silva assumisse 'as rédeas' do país.
Aliás, poucos dias após a tomada de posse, a 1 de janeiro deste ano, as sedes dos três poderes do Estado brasileiro - o Congresso, o Supremo Tribunal e o Palácio do Planalto - foram invadidas e atacadas por apoiantes de Jair Bolsonaro.
Foram detidas mais de mil pessoas, por serem suspeitas do envolvimento nesta tentativa de golpe de Estado, segundo a informação avançada pela imprensa brasileira.
Leia Também: Portugal, Angola e Brasil ainda falham na luta contra tráfico humano