"As primeiras ogivas nucleares foram entregues no território da Bielorrússia", disse Putin, numa intervenção no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês).
"Até ao final do verão, até ao final do ano, teremos concluído este trabalho completamente", referiu, citado pela agência francesa AFP.
A transferência de armas nucleares táticas russas para o país vizinho foi anunciada em março por Putin e pelo homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Estas primeiras entregas parecem ter sido aceleradas, depois de Putin ter afirmado, há uma semana, que o destacamento teria lugar em julho, segundo a AFP.
Putin disse que se trata de uma medida de dissuasão para "aqueles que estão a pensar em infligir uma derrota estratégica à Rússia".
Reiterou que as armas nucleares só podem ser utilizadas pela Rússia se houver uma ameaça à integridade territorial, à independência, à soberania e à existência do Estado russo.
"As armas nucleares foram criadas para garantir a segurança e a existência do Estado russo. Mas não há necessidade" de recorrer a elas, disse, segundo a agência espanhola EFE.
Putin considerou que todos os debates em torno desta possibilidade "baixam o limiar para a utilização destas armas".
A Rússia tem "mais armas do que os países ocidentais" e é por isso que querem "forçar-nos a começar a discutir" a sua eventual utilização, disse.
"De maneira nenhuma", afirmou, ao mesmo tempo que destacou que o facto de a Rússia ter superioridade em armas nucleares "é uma vantagem competitiva" para o país.
Em 25 de março, Putin anunciou que Moscovo iria instalar armas nucleares táticas na Bielorrússia, um país vizinho da União Europeia (UE), alimentando o receio de uma escalada do conflito na Ucrânia.
O anúncio suscitou críticas da comunidade internacional, em especial do Ocidente, dado que Putin tem levantado a possibilidade de usar armas nucleares desde que mandou invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
As chamadas armas nucleares táticas podem causar danos imensos, mas a capacidade de destruição é mais limitada do que o das armas nucleares estratégicas.
Os ministros da Defesa russo, Serguei Shoigu, e bielorrusso, Viktor Khrenin, assinaram em Minsk, no final de maio, documentos que regulam o armazenamento de armas nucleares não estratégicas no território da antiga república soviética.
Em abril, militares bielorrussos receberam formação na Rússia sobre a utilização de munições táticas especiais para os mísseis Iskander-M, capazes de utilizar não só armas convencionais, mas também nucleares.
No mesmo mês, foi concluída a formação das forças bielorrussas para operar aviões de ataque Su-25, equipados para transportar armas nucleares táticas.
Shoigu deixou claro em maio, em Minsk, que Moscovo manterá o controlo sobre as ogivas e a decisão sobre a sua eventual utilização.
"A Rússia não está a transferir armas nucleares para a República da Bielorrússia: o controlo sobre elas e a decisão de as utilizar continua a ser da parte russa", disse Shoigu, citado pela EFE.
[Notícia atualizada às 17h16]
Leia Também: Putin diz que Rússia depende cada vez menos de receitas de petróleo e gás