No balanço que o chefe da Minusma, El Ghasim Wane, apresentou ao secretário-geral da ONU em Nova Iorque, a missão da ONU no país aponta para uma certa "diminuição da violência" durante o período avaliado - de 22 de julho de 2022 a 23 de maio deste ano - em relação ao último relatório anual.
Esta diminuição deveu-se a "um aumento das operações militares e a uma mudança de tática por parte dos grupos extremistas" que operam no país.
O Mali e os restantes países do Sahel registaram um recrudescimento da violência nos últimos anos, tanto por parte de grupos ligados aos ramos das organizações terroristas Al-Qaida e Estado Islâmico que operam na região, como por parte da violência intercomunitária.
Além disso, os abusos cometidos pelas forças de segurança ajudaram estes grupos a engrossar as suas fileiras.
Em comparação, a ONU estimou no ano passado que 1.556 civis morreram e 530 ficaram feridos durante o período entre 01 de julho de 2021 e 30 de junho de 2022.
A ONU adverte, no entanto, que a situação humanitária no país se agravou progressivamente nos últimos 12 meses a um nível "alarmante".
As organizações humanitárias que trabalham no âmbito do plano de resposta humanitária coordenado pela ONU estimaram que, até 2023, 8,8 milhões de pessoas necessitarão de assistência e proteção humanitária no país, um aumento de 17% em relação ao ano anterior, particularmente nas regiões de Mopti, Timbuktu, Gao, Kidal e Ménaka.
A violência no Mali deixou, na última contagem em abril deste ano, um total de 375.539 deslocados internos, menos 8,9% do que o número de 412.387 registado em dezembro de 2022.
As regiões centrais do país, como Bandiagara, Douentza, Mopti, San e Ségou, são as mais afetadas por esta situação, com um total de 208.210 deslocados (55%). As outras 151.384 pessoas deslocadas (40%) estão registadas nas regiões de Gao, Kidal, Ménaka e Timbuktu.
A Minusma sublinha as enormes dificuldades com que se deparou no último ano devido às "tensões" com as atuais autoridades golpistas lideradas pelo autoproclamado "presidente interino" do país, o coronel Assimi Goita, que levaram a uma "redução considerável" da mobilidade dos capacetes azuis e a dificuldades "em relação a certas tarefas como as investigações sobre os direitos humanos".
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