"Recentemente surgiram elementos que podem levantar dúvidas sobre o funcionamento objetivo da investigação", explicou a Procuradoria-Geral belga em comunicado.
Por isso, "como medida cautelar e para permitir que a magistratura continue o seu trabalho com serenidade e mantenha a necessária separação entre a vida privada e familiar e as responsabilidades profissionais, o juiz de instrução Michel Claise" decidiu retirar-se do caso, referiu ainda.
O Ministério Público belga sublinhou também que não há "nenhuma prova real que ponha em dúvida a probidade de qualquer uma das partes envolvidas e o importante trabalho que quer ele [Michel Claise], quer os investigadores fizeram neste caso".
As rédeas da investigação vão recair agora sobre "outro juiz de instrução, que já interveio no caso em diversas ocasiões anteriores".
Uma das últimas ações do juiz Claise antes de se afastar da investigação foi questionar esta segunda-feira o eurodeputado italiano Andrea Cozzolino, que voltou à Bélgica, depois de se opor à sua extradição durante meses, onde foi detido.
O escândalo de tráfico de influências 'Qatargate', que abalou o Parlamento Europeu (PE) em dezembro de 2022, surgiu quando investigadores belgas apreenderam durante buscas em Bruxelas, nas casas da então vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili e do eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, cerca de 1,5 milhões de euros em malas e sacos.
A justiça belga suspeita da existência de pagamentos em dinheiro em troca de decisões políticas ou posições favoráveis aos interesses do Qatar e de Marrocos no PE, o que Doha e Rabat negam.
Panzeri admitiu que os investigados orquestraram a fraude, e o seu ex-assessor parlamentar, Francesco Giorgi, é suspeito de ter desempenhado um papel importante nesse processo.
O agora ex-eurodeputado Panzeri - figura do mundo sindical italiano e dirigente de organizações não-governamentais (ONG) em Bruxelas desde 2019 - implicou posteriormente Marc Tarabella, que nega ter cometido qualquer ilegalidade ou irregularidade, tal como Eva Kaili.
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