O representante dos serviços de informações do Ministério da Defesa da Ucrânia, Vadim Skibitski, explicou que Kyiv pretende minar a capacidade russa de abastecer as seus forças com armas e munições através da Crimeia.
"Nos próximos dois, três meses haverá operações ativas de combate. Tanto ofensivas quanto defensivas, porque o nosso objetivo estratégico é a libertação de todos os nossos territórios", frisou Skibitski, em entrevista ao órgão de comunicação local RBK.
Kyiv irá analisar o potencial militar da Rússia em meados do verão, após o qual poderá avaliar melhor "a possível natureza das ações russas no período de outono-inverno".
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu que a ajuda dos parceiros ocidentais pode ser reduzida ou aumentada dependendo do sucesso da atual contraofensiva, que está a avançar mais lentamente do que gostaria, mas de forma positiva.
Zelensky lembrou também que, na operação de setembro para libertar a região leste de Kharkiv e em novembro, para reconquistar o terço norte da província sul de Kherson, o progresso inicial também foi lento, até o sucesso passar a ser visível para todos.
A Rússia teve mais de um ano para criar linhas defensivas de quilómetros de extensão e minar quase 200.000 quilómetros quadrados de território, enquanto Kyiv esperava a chegada de armas pesadas e mísseis de longo alcance do Ocidente para iniciar a contraofensiva, lembrou hoje o assessor presidencial Mikhailo Podoliak.
O comandante das Forças Terrestres ucranianas, Oleksandr Sirski, sublinhou hoje que, para já, a tarefa é testar as fragilidades do inimigo, que conta com 400 mil militares na Ucrânia, e garantiu que ainda não estão envolvidas as principais forças na contraofensiva.
Até agora, a Ucrânia recapturou oito cidades no sul de Donetsk e Zaporijia, onde se registaram "mais progressos" em algumas regiões esta semana, de acordo com a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar.
Enquanto isso, a oeste da região de Kharkiv e ao norte da vizinha Donetsk (frente Kupyansk-Liman), a Ucrânia "interrompeu a ofensiva inimiga", assegurou ainda.
O líder do grupo paramilitar Wagner realçou hoje que o Exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, contradizendo as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kyiv era um fracasso.
Kyiv tem também como estratégia atacar as rotas logísticas da Rússia no sul, como fez na véspera com a ponte Chongar, que une a Crimeia anexada e uma região de Kherson parcialmente ocupada no sul da Ucrânia.
"É muito importante esgotar o inimigo, privá-lo da capacidade de reabastecer os seus recursos e de se recuperar. E tudo isso está incluído no plano", garantiu a porta-voz do Comando Sul das Forças Armadas ucranianas, Natalia Gumeniuk.
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