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"Iremos até ao fim". Mercenários do Grupo Wagner já passaram fronteira

O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou que o seu exército privado cruzou a fronteira russa na região do Rostov, sul do país, e disse estar disposto a "ir até ao fim" após apelar a uma rebelião contra o comando militar do país.

"Iremos até ao fim". Mercenários do Grupo Wagner já passaram fronteira
Notícias ao Minuto

00:47 - 24/06/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

"Cruzámos a fronteira estatal em todos os locais. Os guardas-fronteiriços saíram e abraçaram os nossos combatentes. Agora entramos em Rostov", afirmou num áudio divulgado no seu canal do Telegram.

Prigozhin também assegurou que está decidido a "ir até ao fim" e a "destruir tudo o que seja colocado" no seu caminho.

"Continuamos, e vamos até ao fim", disse o proprietário do grupo paramilitar, que reivindicou dispor de 25.000 combatentes.

Previamente, a agência noticiosa russa Tass anunciava a instauração de medidas de segurança em Moscovo após o apelo Prigozhin a uma revolta contra o ministério da Defesa.

"Foram reforçadas as medidas de segurança em Moscovo, os locais mais importantes estão sob segurança reforçada", para além "dos organismos do Estado e das infraestruturas de transporte", indicou à Tass responsável das forças de segurança russas.

O ministério da Defesa russo também afirmou que as forças ucranianas se preparam para atacar perto da cidade de Bakhmut (leste da Ucrânia) "aproveitando" o caos provocado pelo apelo à rebelião emitido por Prigozhin.

"Aproveitando-se da provocação de Prigozhin para desestabilizar a situação, o regime de Kiev reagrupa as unidades das 35ª e 36ª brigadas de fuzileiros para ações ofensivas" na zona de Bakhmut, indicou o ministério da Defesa russo em comunicado, assegurando que as forças ucranianas estão a ser atacadas pela aviação e artilharia russas.

Previamente, o FBS tinha anunciado uma investigação ao líder do grupo paramilitar Wagner, após Yevgeny Prigozhin ter apelado a uma revolta contra o comando militar russo, que acusou de atacar os seus combatentes.

"As alegações divulgadas em nome de Yevgeny Prigozhin não têm fundamento. (...) O FSB [serviços de segurança russos] abriu uma investigação por convocação de um motim armado", referiu o Comité Nacional Antiterrorista da Rússia em comunicado, citado por agências de notícias russas.

A presidência russa (Kremlin) divulgou, por sua vez, que o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, está a ser informado sobre o conflito entre o Exército russo e o grupo Wagner.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência Tass, assegurou também que estão a ser tomadas as medidas necessárias.

O líder do grupo paramilitar Wagner convocou hoje uma revolta contra o alto comando militar da Rússia, frisando ter 25.000 soldados e instando os russos a juntarem-se a estes numa "marcha pela justiça".

"Somos 25.000 e vamos determinar por que é que reina o caos no país (...) As nossas reservas estratégicas são todo o exército e todo o país", frisou Yevgeny Prigozhin numa mensagem de áudio, instando "quem se quiser juntar" para "acabar com a confusão".

No entanto, Prigozhin defendeu-se de qualquer "golpe militar", alegando estar a liderar uma "marcha por justiça".

"Este não é um golpe militar, mas uma marcha pela justiça, as nossas ações não atrapalham as Forças Armadas", assegurou, numa mensagem de áudio.

Prigozhin tinha acusado antes o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.

A mensagem de Prigozhin foi acompanhada por vídeo com cerca de um minuto, onde se vê uma floresta destruída, alguns focos de incêndio e pelo menos o corpo de um militar.

O Exército russo negou de imediato a realização de ataques contra acampamentos do grupo Wagner.

"As mensagens e vídeos publicados nas redes sociais por Prigozhin sobre alegados 'ataques do Ministério da Defesa da Rússia nas bases de retaguarda do grupo paramilitar Wagner' não correspondem à realidade e são uma provocação", referiu o governo russo em comunicado.

Numa outra reação, o líder do Wagner afirmou que as chefias do grupo decidiram que era preciso parar aqueles que têm "responsabilidade militar pelo país".

"Aqueles que resistirem a isso serão considerados uma ameaça e destruídos imediatamente", acrescentou Prigojine, prometendo "responder" aos alegados ataques.

Estas fortes acusações de Prigozhin expõem as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.

O líder do grupo Wagner tinha referido antes que o Exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respetivamente, e em Bakhmut, contradizendo as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso.

Leia Também: Kyiv "atento" ao conflito entre Wagner e chefias militares russas

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