Em resposta a um possível destacamento da empresa militar privada de Yevgeni Prigozhin, após a revolta na Rússia no último fim de semana contra as chefias militares de Moscovo e que resultou num acordo para o grupo Wagner se instalar na Bielorrússia, o líder da NATO evitou grandes declarações, mas insistiu que os aliados reforçaram o flanco oriental nos últimos anos para garantir a segurança contra qualquer possível ameaça.
"Vimos que algumas dessas forças poderiam ser posicionadas na Bielorrússia, mas acho que é muito cedo para tirar conclusões definitivas", disse Stoltenberg em conferência de imprensa com a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas.
"Mais importante, estamos a enviar uma mensagem muito clara a quaisquer adversários em potencial, incluindo Moscovo e Minsk, de que estamos lá para proteger e defender cada centímetro do território aliado", acrescentou.
Nesse sentido, garantiu que os 31 membros da NATO vão reforçar a sua defesa e dissuasão na próxima cimeira da Aliança Atlântica na Lituânia, a 11 e 12 de julho, e manterão a vigilância sobre as atividades das forças de Prigozhin.
O Grupo Wagner iniciou na sexta-feira uma rebelião armada, que começou com a conquista sem resistência da cidade estratégica de Rostov, no sul da Rússia, e prosseguiu com colunas militares em direção a Moscovo, com o objetivo de neutralizar as chefias militares da Rússia.
A missão foi abortada quando as colunas já se encontravam a 200 quilómetros da província de Moscovo, após um acordo mediado pelo Presidente da Bielorrússia, Alexandr Lukashenko.
O entendimento firmado entre o Kremlin e Prigozhin para conter o motim previa a anulação da acusação criminal por rebelião armada contra o líder do grupo Wagner em troca da sua ida para a Bielorrússia onde, segundo Lukashenko, se encontra desde terça-feira.
O Presidente russo, Vladimir Putin, também ofereceu aos mercenários que se revoltaram ao lado de Prigozhin que fossem para o país vizinho, aliado de Moscovo, ou assinassem um contrato com o Ministério da Defesa da Rússia ou outras agências de segurança russas para se subordinarem às estruturas legais e oficiais.
Nas suas mensagens nos últimos dias, Prigozhin disse publicamente que a sua rebelião não procurava derrubar o governo de Putin, mas destituir ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, a quem acusou reiteradamente de incompetência na liderança da invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, e até de alta traição.
O grupo Wagner esteve na linha da frente desde o início da invasão, tendo assumido protagonismo na conquista de Bakhmut, na província de Donetsk (leste), na mais longa e sangrenta batalha da guerra da Ucrânia, à custa de elevadas baixas, entre acusações abertas de Prigozhin de falta de apoio militar de Moscovo.
Agora que Prigozhin se encontra presumivelmente na Bielorrússia, juntamente com alguns dos seus mercenários, o Presidente polaco, Andrzej Duda, reafirmou hoje que a presença do grupo Wagner neste país pode constituir "uma ameaça potencial" para os estados vizinhos.
"É difícil para nós excluir que a presença do grupo Wagner na Bielorrússia possa constituir uma ameaça potencial para a Polónia, que faz fronteira com a Bielorrússia, uma ameaça para a Lituânia (...), bem como, potencialmente, para a Letónia, que é também um vizinho da Bielorrússia", disse Duda a jornalistas em Kiev, onde se encontra hoje, numa visita não anunciada, juntamente com o homólogo lituano, Gitanas Nauseda.
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