Serguei Lavrov "reiterou o apoio inabalável do seu país ao Mali, tanto na esfera técnico-militar como em termos de assistência humanitária e económica", lê-se num comunicado publicado nas redes sociais, pouco depois de o Conselho de Segurança da ONU ter adotado a resolução que põe fim à missão Minusma.
Citado no comunicado, Abdoulaye Diop, ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, garantiu que o seu Governo "adotará todas as medidas necessárias para assegurar uma retirada ordenada e segura dos 'capacetes azuis' o mais rapidamente possível".
A resolução, adotada por unanimidade pelo Conselho de Segurança de 15 membros, prevê que as forças de manutenção da paz cessem as suas operações a partir de 01 de julho para se concentrarem na organização da sua partida, "com o objetivo de concluir este processo até 31 de dezembro de 2023".
Em 16 de junho, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali surpreendeu ao dirigir-se ao Conselho de Segurança em Nova Iorque, exigindo a retirada imediata da Minusma, denunciando "o seu fracasso".
A missão, que tem cerca de dez bases espalhadas pelo país, foi criada em 2013 para ajudar a estabilizar um Estado ameaçado de colapso sob a pressão do terrorismo fundamentalista islâmico, proteger os civis, contribuir para o esforço de paz e defender os direitos humanos.
Na sua intervenção, Diop manifestou igualmente a sua solidariedade para com a Rússia, "cuja estabilidade é essencial para a paz e a segurança internacionais", na sequência do golpe abortado pela rebelião liderada por Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar Wagner, cujos membros trabalham no Mali como "instrutores", segundo Moscovo.
A junta militar, que tomou o poder pela força em 2020 em Bamako, rompeu uma aliança antiterrorista com a França e os seus parceiros europeus e virou-se militar e politicamente para a Rússia.
Também citado no comunicado, Lavrov felicitou o seu homólogo pelo "êxito da organização do referendo" sobre o projeto de nova Constituição, aprovado por 97% dos malianos, segundo a autoridade eleitoral, apesar de a votação ter sido dificultada em muitas localidades do centro e do norte do país, quer por receio de ataques terroristas, quer por divergências políticas.
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