Caracas acusa União Europeia de ingerência em assuntos eleitorais do país

A Venezuela condenou as recentes declarações da UE sobre a decisão de impedir membros da oposição de exercer cargos políticos e acusou a UE de ingerência nos assuntos eleitorais do país.

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Lusa
04/07/2023 06:46 ‧ 04/07/2023 por Lusa

Mundo

Venezuela

"O governo da República Bolivariana da Venezuela condena categoricamente a declaração atribuída ao Alto Representante para Assuntos Exteriores e Política de Segurança da UE, Josep Borrell, a qual representa um novo ato de ingerência em assuntos que são da exclusiva competência dos poderes públicos venezuelanos", de acordo com um comunicado.

A nota do ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano adianta que a UE "fracassou, durante os últimos anos, na tentativa de impor um Presidente falso no nosso país, e continua no mesmo caminho de fracasso, empenhada em uma retórica irracional e colonialista em relação ao Governo Constitucional" da Venezuela.

"Há mais de 200 anos, as venezuelanas e os venezuelanos expulsaram o imperialismo da nossa terra e começaram a transitar o caminho da soberania. A Venezuela não aceita a tutela de nenhuma potência ou grupo de países alinhados com reminiscências imperiais", referiu a mesma nota.

No comunicado, a Venezuela "reitera aos representantes da UE que a legalidade e legitimidade do processo eleitoral venezuelano não depende, nem dependerá, de nenhum ator estrangeiro, mas sim das decisões que soberanamente o povo venezuelano decida".

Neste sentido, Caracas exigiu à UE que se abstenha de "emitir declarações" que representam uma ingerência para "preservar uma relação de respeito recíproco".

Na segunda-feira, a UE manifestou-se preocupada com a situação política na Venezuela, nomeadamente o impedimento a membros da oposição, como Maria Corina Machado, de exercerem cargos políticos, o que "atenta contra a democracia".

Em comunicado, Borrell afirmou que a UE "manifesta profunda preocupação com as decisões destinadas a impedir os membros da oposição de exercerem direitos políticos fundamentais, como foi o caso de Maria Corina Machado e de outras figuras políticas".

"Estas decisões atentam contra a democracia e o Estado de direito e só irão agravar a crise política e social que há muito se regista na Venezuela", acrescentou.

Borrell lembrou que "a realização de eleições presidenciais credíveis, transparentes e inclusivas em 2024 é um elemento fundamental" para se chegar a uma solução pacífica na crise venezuelana.

Na sexta-feira, a Controladoria Geral da Venezuela (CGR) anunciou que a opositora Maria Corina Machado, do partido "Vente Venezuela", está impedida de exercer cargos públicos por um período de 15 anos.

A decisão foi divulgada depois de Maria Corina Machado formalizar a candidatura às primárias da oposição, previstas para 22 de outubro, durante as quais será eleito o candidato opositor que se apresentará contra o chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, nas presidenciais do próximo ano.

Leia Também: ONU lança plano para apoiar 175 mil pessoas na Venezuela

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