"Mais uma vez, os refugiados e outros civis são as vítimas inocentes desta trágica guerra. Ambas as partes devem permitir que os civis se desloquem para locais mais seguros, garantindo a sua proteção e bem-estar e respeitando os seus direitos humanos fundamentais", afirmou Mamadou Dian Balde, diretor regional do ACNUR para o leste e Corno de África e a Região dos Grandes Lagos.
Referindo-se a "vítimas indiscriminadas dos combates, impedidas de procurar segurança", a agência da ONU revelou que foi confirmado que, "em 25 de junho, 28 refugiados acolhidos pelo Sudão foram mortos em Cartum, quando a zona onde viviam foi engolida pelos combates, tendo outros refugiados ficado feridos".
Antes deste conflito, que opõe o exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), unidade paramilitar que luta pelo poder, havia 1,1 milhões de refugiados no Sudão, principalmente do Sudão do Sul, Eritreia, Etiópia e Síria.
Antes da morte dos 28 refugiados, mais de 500 refugiados que tentavam escapar do conflito em Cartum e noutros locais afetados terão sido intercetados por grupos armados a caminho de um local seguro e impedidos de prosseguir.
O ACNUR está a acompanhar a situação dos refugiados retidos em Cartum, prestando aconselhamento de proteção através de linhas diretas para os ajudar a encontrar segurança e meios para se deslocarem para zonas seguras, conforme a situação o permita, referiu a agência da ONU em comunicado, quando continuam a verificar-se intensos ataques na capital, a região mais visada neste conflito que começou em 15 de abril.
Desde então, cerca de três milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, anunciou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O mais recente relatório de situação da agência revelou que "cerca de 2,2 milhões de pessoas (447.031 famílias) foram deslocadas internamente pelo conflito" até junho, quase 70% dos quais fugiram da capital, Cartum.
Cerca de 11,47% fugiram das suas casas no estado de Darfur Ocidental, outra das áreas mais afetadas pelo conflito e pelos combates.
Quase 50% dos deslocados procuraram refúgio dentro do Sudão em estados mais seguros, como os Nilo, Norte e Nilo Branco.
Além disso, 697.151 pessoas, incluindo refugiados, requerentes de asilo e retornados, atravessaram para países vizinhos como Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul e Etiópia até 03 de julho, de acordo com a agência de migração da ONU.
O número exato de vítimas dos combates não é possível de contabilizar, devido à situação de insegurança, mas pelo menos 1.173 civis foram mortos e 11.704 feridos, de acordo com a atualização de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), citando o Ministério da Saúde sudanês, em meados de junho.
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