Cimeira da NATO marcada por pressão de Zelensky, diz analista

O especialista em Relações Internacionais Francisco Pereira Coutinho considera que a cimeira da NATO, hoje concluída em Vilnius, ficou marcada pela pressão do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para um convite formal de adesão do seu país à Aliança.

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© LUDOVIC MARIN/AFP via Getty Images

Lusa
12/07/2023 20:35 ‧ 12/07/2023 por Lusa

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"Era impossível responder a esse pedido. Não havia um acordo entre os países aliados", disse à agência Lusa o professor da Nova School of Law, no rescaldo da cimeira da NATO, que decorreu hoje e terça-feira na capital da Lituânia, criticando ainda o facto de Zelensky ter colocado essa questão publicamente, nas redes sociais.

O analista defendeu que, neste momento, não há condições para uma entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica, desde logo porque se colocava a questão do Artigo 5.º do tratado fundador da NATO, que estipula que um ataque a um país aliado deve ser respondido por todos os outros.

"Isso significaria a entrada direta de alguns países no conflito", lembrou Pereira Coutinho.

Uma segunda questão que marcou a cimeira foi o alargamento da Aliança à Suécia, com o especialista a destacar o facto de o anúncio da decisão de desbloquear o impasse por parte da Hungria e da Turquia ter acontecido em Vilnius, com os líderes dos países aliados já na sala da reunião.

Finalmente, Pereira Coutinho considera que a cimeira permitiu também conhecer as garantias de esforço plurianual da Aliança às autoridades ucranianas, para resistirem à invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado.

"Esta questão é particularmente importante porque vamos ter eleições nos Estados Unidos no próximo ano e era fundamental haver um compromisso por parte dos norte-americanos de que esse esforço vai continuar, até porque já se percebeu que o conflito vai durar", disse o investigador.

No primeiro dia da cimeira em Vilnius, o Presidente da Ucrânia exigiu "respeito", um calendário que delineasse o caminho de Kyiv para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e o fim da postura "absurda" que estava a atrasar a adesão do país que está há mais de um ano a tentar fazer face a uma invasão da Rússia.

Horas mais tarde, os países da NATO afirmavam que estavam disponíveis para convidar a Ucrânia a aderir, mas só quando "as condições estiverem reunidas" e disponibilizaram-se a apoiar todas as reformas necessárias.

Um dia depois, os países que compõem o G7 (Alemanha, França, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Canadá e Japão) anunciaram uma declaração que dá garantias de segurança até à eventual adesão do país.

Apesar de não ser o convite desejado por Kyiv, nem estabelecer um calendário de adesão, Zelensky reagiu, afirmando tratar-se de um "primeiro documento legal" que "é como um guarda-chuva" para assegurar que a Ucrânia vai continuar a receber apoio.

Ao lado do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, o líder ucraniano afirmou, também hoje, que regressaria "a casa com uma vitória significativa de segurança" e um "sinal tático" para o Kremlin.

"Não é uma candidatura, mas é uma mobilização para a Ucrânia e um sinal poderoso", declarou.

Leia Também: Costa diz que houve "um mal-entendido" de Zelensky sobre adesão à NATO

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