Kyiv propõe patrulhas conjuntas no Mar Negro para proteger cereais
A Ucrânia propõe criar patrulhas militares internacionais mandatadas pela ONU para garantir a segurança das suas exportações de cereais através do Mar Negro, após a retirada da Rússia do acordo que garantia a segurança do transporte marítimo na região.
© Reuters
Mundo Ucrânia/Rússia
"Devemos adicionar um mandato da ONU para criar patrulhas militares" com a participação de países que fazem fronteira com o Mar Negro, como Turquia e Bulgária, disse à Agência France-Presse Mykhailo Podoliak, conselheiro do Presidência ucraniana.
Anteriormente, a Rússia alertara que considerará a partir da noite de hoje todos os navios em passagem pelo Mar Negro com destino a portos ucranianos como possíveis transportadores de carga militar e, portanto, potenciais alvos de guerra.
"Em resultado do fim da Iniciativa [de Cereais] do Mar Negro e o encerramento do corredor humanitário marítimo, a partir das 21:00 GMT [22:00 em Lisboa] todos os navios em rota para portos ucranianos nas águas do Mar Negro serão considerados potenciais transportadores de carga militar", declarou o Ministério da Defesa russo.
"Consequentemente, os países cujas bandeiras pertencem a esses navios serão considerados envolvidos no conflito na Ucrânia ao lado do regime de Kyiv", alertou o ministério em comunicado.
O ministério destacou ainda que várias áreas marítimas nas partes noroeste e sudeste das águas internacionais do Mar Negro foram temporariamente declaradas perigosas para a navegação, devido à guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.
A Rússia já emitiu avisos sobre a retirada das garantias de segurança marítima de acordo com os procedimentos de navegação estabelecidos.
Moscovo suspendeu na segunda-feira a sua participação na Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, acordada há um ano pela Rússia, Ucrânia, Turquia e Nações Unidas, e que permitiu a exportação de quase 33 milhões de toneladas de alimentos de três portos no sul ucraniano.
As autoridades russas fizeram saber que só voltam ao protocolo se as suas condições forem atendidas, nomeadamente o comércio dos seus próprios produtos agrícolas, prejudicado, segundo frisam, pelas sanções ocidentais.
As exigências da Rússia incluem também a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueio da logística de transportes e dos seguros, o descongelamento de ativos e a reabertura do oleoduto de amoníaco Togliatti-Odessa, que explodiu a 05 de junho.
Kyiv está agora à procura de alternativas com a ONU e a Turquia para continuar a fornecer os seus cereais aos países necessitados e também para a segurança económica da própria Ucrânia, que pode voltar a ficar com os seus 'stocks' retidos.
Nos últimos dois dias, a Rússia bombardeou o porto de Odessa e hoje também o de Chornomorsk, duas infraestruturas essenciais de onde partiam os carregamentos de cereais ucranianos para a Turquia, onde eram inspecionados, antes de seguirem para os seus destinos finais, incluindo países onde a segurança alimentar é frágil e outros onde os preços dos bens de consumo dispararam antes do acordo.
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