Poder jihadista "aumentou muito" no Burkina Faso, alerta presidente
O capitão Ibrahim Traoré, presidente de transição do Burkina Faso e que chegou ao poder através de um golpe de estado, reconheceu hoje que "o poder do inimigo" jihadista "aumentou muito" no país africano.
© Lassana Bary/Twitter
Mundo Burkina Faso
"O poder do inimigo aumentou muito no terreno, o seu equipamento também está a modernizar-se gradualmente", alertou Traoré num discurso às unidades especiais antijihadistas perto de Ouagadougou, citado pela AFP.
Assegurou, porém, que está em curso o rearmamento das suas forças, através de "novas aquisições de meios de combate terrestres e aéreos", incluindo drones mais "eficientes".
"Vamos equipar-nos mil vezes mais do que o inimigo, treinar devidamente as tropas para a guerra", garantiu Ibrahim Traoré, ao avançar que estes equipamentos militares são adquiridos através dos impostos recuperados no país.
Desde outubro, foram arrecadados cerca de 1,5 milhões de euros, na sequência de um apelo a contribuições para um "esforço de guerra" pela reconquista do território nacional lançado pelo capitão Traoré.
Além disso, os novos impostos sobre vários produtos de consumo - bebidas, tabaco e cosméticos - introduzidos desde fevereiro, depois alargados a outros serviços, permitiram arrecadar mais cerca de 45 milhões de euros, segundo o Ministério da Economia e Finanças do país.
Desde 2015, o Burkina Faso está envolvido numa espiral de violência perpetrada por grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico e à Al-Qaeda.
O conflito causou mais de 16.000 mortes civis e militares desde 2015, de acordo com as últimas estimativas da organização internacional Armed Conflict Location Action.
O país sofreu dois golpes em 2022: um em 24 de janeiro, comandado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, e outro em 30 de setembro, pelo capitão Ibrahim Traoré, que atualmente comanda o país.
As duas tomadas do poder pelos militares aconteceram após o descontentamento entre a população e o Exército sobre os ataques terroristas, que forçaram o deslocamento de mais de dois milhões de pessoas, segundo os últimos dados do Governo.
Em 1 de junho, o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC) alertou que, pela primeira vez, o Burkina Faso encabeça a lista das crises de deslocamento mais negligenciadas do mundo, enquanto a ajuda humanitária e a atenção foram redirecionadas para a Ucrânia, após a invasão russa.
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