PSOE diz a separatistas que respeita Constituição também na Catalunha
O Partido Socialista espanhol (PSOE) vincou hoje o respeito pela Constituição de Espanha, em resposta às condições apresentadas por independentistas catalães para negociarem a viabilização de um novo governo de esquerda no país, após as legislativas de domingo.
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Mundo Espanha
"Se alguma coisa ficou demonstrada nestes anos de Governo, do presidente Pedro Sánchez, é que na Catalunha como no conjunto de Espanha, só cabe o quadro constitucional", afirmou a dirigente socialista Isabel Rodríguez, que é também a ministra porta-voz do atual executivo espanhol, uma coligação do PSOE e da plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.
Isabel Rodríguez acrescentou que tendo em conta o resultado das eleições de domingo na Catalunha, "parece claro" que "a sociedade catalã" também gostou da atuação do Governo dentro do quadro constitucional.
O PSOE foi a força mais votada na Catalunha nas legislativas de domingo passado, superando os partidos nacionalistas e independentistas, que perderam votos e elegeram menos deputados.
Apesar de terem agora menos representação no parlamento espanhol, estes partidos vão ser decisivos para a viabilização do novo governo, por não haver uma maioria absoluta à esquerda nem à direita.
O atual Governo, do socialista Pedro Sánchez, já foi viabilizado em janeiro de 2020 por partidos regionalistas, nacionalistas e independentistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha que este ano voltam a estar disponíveis para apoiar um executivo de esquerda.
No entanto, as forças que em 2020 viabilizaram o Governo de esquerda podem este ano não ser suficientes, pelo que assume protagonismo o partido separatista Juntos Pela Catalunha (JxCat), do antigo presidente catalão Carles Puigdemont, até agora 'não alinhado' em Madrid nem com a esquerda nem com a direita.
O JxCat, que elegeu sete deputados, disse na segunda-feira estar disponível para abrir negociações com o PSOE, mas sublinhou que não dará posse a Pedro Sánchez "a troco de nada" e colocou como condições para negociar "a autodeterminação e a amnistia".
A autodeterminação está relacionada com um referendo na Catalunha sobre a independência da região e a amnistia é para independentistas acusados e condenados pela justiça por causa do processo de 2017 que culminou com uma declaração unilateral de independência.
Estas exigências do JxCat chocam com a Constituição espanhola, que estabelece a unidade de Espanha e impede os referendos de autodeterminação.
"O PSOE foi sempre muito claro nesta questão. Somos um partido constitucionalista, qualquer questão que abordemos tem de estar dentro desse quadro constitucional", disse hoje a ministra das Finanças e 'número dois' do PSOE, María Jesús Montero, numa entrevista, em resposta a uma pergunta sobre as condições do JxCat.
María Jesús Montero confirmou que o PSOE, que foi o segundo partido mais votado nas eleições de domingo mas tem mais aliados no parlamento do que o vencedor, o Partido Popular (PP, direita), tem vontade de negociar uma 'geringonça' e manter-se à frente do Governo espanhol, mas afirmou que haverá "discrição" e defendeu que, para já, nas próximas semanas, é o tempo da constituição dos grupos parlamentares.
O mesmo disse a ministra porta-voz do Governo, Isabel Rodríguez, que falava no final do Conselho de Ministros de hoje, o último antes das férias de verão e que formalmente já reuniu um executivo apenas "em funções".
Questionada sobre quando começam as negociações dos socialistas para formar governo, Isabel Rodríguez respondeu que "a democracia tem os seus prazos" e agora é preciso esperar pela contagem final dos votos (falta incorporar os da emigração aos diversos círculos eleitorais de origem dos residentes no estrangeiro) e pela constituição das Cortes (Congresso dos Deputados e Senado, as duas câmaras do parlamento espanhol), em 17 de agosto.
"É preciso dar tempo a cada um destes processos", defendeu, insistindo em que o país e os partidos precisam de "tranquilidade" e tempo antes de novos passos, depois de "100 dias intensos", com duas campanhas eleitorais e duas eleições consecutivas, numa referência às municipais e regionais de 28 de maio e às legislativas nacionais de domingo passado.
O PSOE continua assim sem revelar o que pretende fazer - e quando - para a formação de um governo de esquerda.
Já o PP avançou na segunda-feira com contactos com outros partidos, mas sem possibilidade, neste momento, de reunir o apoio mínimo no parlamento para a viabilização de um governo de direita.
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