Em Itália, o pior cenário encontra-se na ilha da Sicília, onde nos últimos dois dias arderam 700 hectares de área arborizada em 338 incêndios que causaram danos no valor de 60 milhões de euros, segundo uma primeira estimativa da Proteção Civil local, a que se juntam mais 200 milhões de euros, quantificados pelo setor agrícola. Os incêndios verificados na região coincidem com uma vaga de calor com o registo de temperaturas superiores a 45 graus.
Hoje, cerca de 30 incêndios ainda estão ativos, embora a situação tenha melhorado na província de Messina, com a exceção de alguns focos nos territórios de Santa Teresa, Letojanni e Savoca, enquanto em Mandanici a situação "está sob controlo",
No entanto, várias famílias viram as suas casas destruídas, bem como testemunharam os muitos hectares de património florestal que foram queimados pelo fogo e os danos provocados pelas chamas nos sistemas de iluminação, telefone e água.
Também em Palermo, os incêndios continuam e os aviões de combate sobrevoam desde hoje de manhã a zona arborizada de Altofonte, enquanto o vale do Fico arde há dois dias, apesar de os bombeiros garantirem que o fogo está controlado.
Na mesma província, as chamas não pouparam o parque arqueológico de Segestan, cujos arredores foram queimados, embora o templo e o teatro de influência grega tenham sido poupados no incidente que, segundo o presidente da região siciliana, Renato Schifani, teve mão criminosa.
A Grécia é o outro país do sul da Europa mais afetado até agora neste verão, com grandes incêndios em todo o país e novos focos na zona interior, enquanto as chamas nas ilhas de Rodes, Corfu e Evia continuam fora de controlo.
A frente que mais preocupa as autoridades é a que começou na quarta-feira cinco quilómetros a oeste de Volos, no centro da Grécia, em que as chamas atingiram parte de um paiol de munições, que explodiu, obrigando à retirada de grande parte dos habitantes da Nea Anghialos, uma localidade próxima daquela cidade de cerca de 150.000 habitantes.
Segundo o porta-voz dos bombeiros locais, Iannis Artopios, as chamas estão já a ser combatidas por sete aviões e três helicópteros. O fogo, além de também ameaçar a zona industrial da cidade, obrigou a população de pelo menos nove aldeias costeiras a deixar as respetivas casas na madrugada de quarta-feira.
De acordo com o ministro da Proteção Civil e da Crise Climática, Vassilis Kikilias, nos últimos dez dias, a Grécia foi atingida por um total de 594 incêndios que, além dos danos materiais e ambientais, causaram até agora cinco mortes.
Em Rodes, já arderam cerca de 16.000 hectares de floresta, várias casas foram queimadas e um número não quantificado de animais morreu, enquanto 19.000 pessoas, 7.000 delas turistas, tiveram de ser retiradas.
Em Evia, na noite de quarta-feira reacendeu-se uma grande frente em torno da cidade costeira de Caristo, enquanto em Corfu, no noroeste da Grécia, outro grande incêndio florestal continua fora de controlo.
A Espanha também está a enfrentar vários incêndios este mês, embora até agora não tenham atingido os níveis devastadores do ano passado: um dos últimos a ser extinto foi em Santa Colomba de Curueño (Castela e Leão) hoje de manhã. No arquipélago das Canárias, o foco de incêndio declarado na terça-feira no cume da Gran Canaria foi controlado.
No entanto, as equipas de bombeiros estão a trabalhar para combater a reativação do incêndio que deflagrou na ilha de La Palma a 15 de julho e que arde novamente no Parque Nacional da Caldeira de Taburiente, numa zona de difícil acesso.
No norte de África, as autoridades argelinas confirmaram o controlo de todos os incêndios que afetaram sobretudo a região de Cabília, que provocaram no país pelo menos 40 mortos e mais de 300 feridos, além de danos materiais.
Na Tunísia, a Unidade Militar de Emergência (UME) espanhola, apoiada por dois aviões de combate a incêndios da Força Aérea, controlou hoje o último foco ativo na província tunisina de Tabarka.
Desde segunda-feira, a Tunísia registou 14 focos em oito regiões, com pelo menos uma vítima mortal, sendo a floresta de Malloula a zona mais afetada devido à sua localização: de frente para o mar, numa área exposta a ventos fortes e a temperaturas elevadas que ultrapassaram os 50 graus em várias partes do território.
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