Putin espera "maior coordenação" com Moçambique no Conselho de Segurança
O Presidente da Rússia disse esperar "maior coordenação" com Moçambique das ações no Conselho de Segurança da ONU, numa altura em que o país africano assume o mandato de membro não permanente, no período 2023/2024.
© Lusa
Mundo Rússia
"Esperamos maior coordenação das nossas ações no Conselho de Segurança, cooperação eficiente na solução de importantes problemas globais e regionais", afirmou Vladimir Putin, em São Petersburgo, na quinta-feira, dirigindo-se ao homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, à margem da cimeira Rússia/África.
Putin acrescentou que para essa concertação, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países já realizam consultas sobre o assunto.
O Presidente de Moçambique iniciou, na quinta-feira, uma visita de trabalho à Rússia, que se prolonga até sábado, incluindo uma reunião com o homólogo russo e a participação na cimeira de São Petersburgo.
No encontro com Nyusi, Putin destacou que a Rússia valoriza a cooperação construtiva com Moçambique no cenário internacional, incluindo o apoio do país africano às iniciativas da Rússia na ONU.
O líder russo apontou ainda que há "boas perspetivas" na cooperação económica entre os dois países, lembrando que em 2022 o volume de negócios realizados entre a Rússia e Moçambique "cresceu 14,5%".
"A dinâmica positiva continuou entre janeiro e abril deste ano, com crescimento de 35%", afirmou.
Putin acrescentou existirem também boas perspetivas de cooperação na extração de gás, no levantamento geológico, na energia elétrica, na agricultura e na pesca.
O Presidente russo indicou que a comissão intergovernamental para a cooperação económica e científica e tecnológica trabalha no reforço dos laços económicos entre a Rússia e Moçambique e os dois países querem alargar a base jurídica para a cooperação bilateral.
"Documentos sobre propriedade intelectual, geologia, pesca e inovações estão programados para serem assinados à margem desta cimeira", avançou Putin.
O reforço do apoio da Rússia a Moçambique na área da educação foi também sublinhado pelo chefe de Estado russo, que destacou que Moscovo continua a ajudar na formação de quadros moçambicanos nas universidades russas.
"No total, cerca de 3.000 moçambicanos receberam educação superior na URSS e na Rússia", disse, citando estatísticas e assumindo que a partir de 2020, a quota de educação para os estudantes de Moçambique mais do que duplicou.
"No ano educacional 2023-2024, serão 75 bolsas", apontou.
"A Rússia e Moçambique estão ligados por fortes laços de amizade e cooperação que foram estabelecidos ainda durante a luta do povo moçambicano pela independência", sublinhou Putin, destacando "o espírito" de Nyusi de "fortalecer ainda mais" os "laços multifacetados" entre os dois povos.
O Presidente de Moçambique pediu, na quinta-feira, "maior investimento empresarial" de forma "a impulsionar" a cooperação económica com a Rússia, no final de uma reunião, em São Petersburgo, com Vladimir Putin.
"Reuni-me esta tarde em São Petersburgo com o Presidente Putin, onde trocamos informações sobre a situação nos nossos dois países e o estágio da nossa cooperação bilateral. Incentivamos maior investimento empresarial para impulsionar a cooperação económica de modo a sustentar com ações concretas as relações de amizade, num ambiente de respeito mútuo", escreveu Filipe Nyusi, numa mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook.
"Para este fim, apoiamos o incremento das trocas comercias e intercâmbios empresariais bem como a necessidade de concretizar os instrumentos de cooperação existentes", acrescentou.
A Frente de Libertação de Moçambique [Frelimo, partido no poder desde a independência do país] foi um aliado de Moscovo durante o tempo da antiga União Soviética, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.
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