"Estando perto de Osipovich [na região de Mogilev], no centro de Belarus, [os mercenários] não vão a lado nenhum. Eles estão acostumados a seguir ordens", frisou o chefe de Estado bielorrusso à agência de notícias oficial BELTA.
Lukashenko falava durante uma visita à região de Brest, que faz fronteira com a Polónia e a Ucrânia e em reação às declarações do primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, que manifestou preocupação sobre o destacamento de cem mercenários do grupo paramilitar russo perto da fronteira.
"Nenhum destacamento do Wagner com 100 homens foi implantado naquela direção [na fronteira com a Polónia]. E se foi, foi feito apenas para partilhar a sua experiência de combate com as brigadas bielorrussas concentradas em Brest e Grodno", garantiu.
O governante enfatizou que os militares bielorrussos devem ser treinados, "porque um Exército que não luta é um meio exército".
Em 23 de julho, Lukashenko assegurou, durante um encontro em São Petersburgo com o seu homólogo russo Vladimir Putin, que os paramilitares do grupo Wagner estacionados no seu país lhe pediram "autorização" para atacar a Polónia, mas estas declarações foram interpretadas apenas como uma forma de pressionar a Polónia, membro da NATO e um dos mais destacados apoiantes da Ucrânia.
Morawiecki, por sua vez, alertou que os mercenários estão alegadamente a visar o corredor de Suwalki, a estreita faixa de terra estratégica, que liga a Bielorrússia ao enclave báltico russo de Kaliningrado.
Na mesma linha, os presidentes da Lituânia e da Letónia, Gitanas Nauseda e Edgars Rinkevics, respetivamente, manifestaram esta segunda-feira a sua preocupação com possíveis "provocações" de mercenários russos.
Enquanto isso, o chefe da inteligência militar ucraniana, Kirilo Budanov, destacou à agência Efe na segunda-feira que não há informações de que os mercenários na Bielorrússia vão atacar a Ucrânia, a Polónia ou outros países fronteiriços.
O grupo Wagner rebelou-se contra as lideranças militares russas na noite de 23 para 24 de junho, após acusá-las de sabotar as atividades dos mercenários na Ucrânia e até bombardear os seus acampamentos.
Após capturar sem resistência a cidade estratégica de Rostov, no sul da Rússia, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, concordou em dar ordem aos seus soldados para fazer meia-volta quando as suas colunas já se encontravam a 200 quilómetros da província de Moscovo, num acordo obtido por mediação do Presidente bielorrusso, aliado do Kremlin, a troco de uma amnistia aos militares amotinados e possibilidade de incorporarem as forças armadas regulares russas ou instalarem-se na Bielorrússia.
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