Donald Trump, antigo presidente dos Estados Unidos e atual candidato às eleições presidenciais de 2024, foi indiciado pelos supostos crimes de conspiração contra os Estados Unidos, conspiração para obstruir um processo oficial, obstrução e tentativa de obstrução de um procedimento oficial e violação dos direitos eleitorais.
Segundo o documento, citado pela CNN Internacional, Trump foi indiciado por um grande júri federal na investigação do advogado especial Jack Smith, que se debruça sobre os esforços para anular a eleição de 2020, que antecederam a invasão do Capitólio dos EUA, a 6 de janeiro de 2021.
As acusações centram-se sobretudo nos esquemas do ex-presidente e dos seus aliados para subverter a transferência de poder e mantê-lo no cargo, apesar da derrota frente a Joe Biden.
"O esforço de Trump para anular as eleições de 2020 visou a função fundamental do governo federal dos Estados Unidos", lê-se na acusação.
O documento revela ainda que há seis coconspiradores, também eles indiciados no mesmo processo. Junto de Trump, terão "usado alegações conscientemente falsas de fraude eleitoral para fazer com que legisladores e autoridades eleitorais subvertessem os resultados eleitorais legítimos e mudassem os votos eleitorais do oponente do réu, Joseph R. Biden, Jr., para votos eleitorais do réu".
Espera-se que o antigo presidente seja presente no tribunal distrital de Washington D.C. na quinta-feira, 3 de agosto. É a terceira vez que Trump é indiciado criminalmente, e a segunda vez em dois meses.
Mesmo num ano de rápidas sucessões legais para Trump, refere a agência noticiosa Associated Press (AP), o processo criminal de hoje foi especialmente impressionante nas suas alegações de que um antigo presidente atacou os fundamentos da democracia num esforço frenético e, em última análise, falhado, para se agarrar ao poder.
Os procuradores federais afirmam que Donald Trump estava "determinado a permanecer no poder" em conspirações que visavam uma "função fundamental do governo federal dos Estados Unidos: o processo nacional de recolha, contagem e certificação dos resultados das eleições presidenciais".
Em junho, conta a CNN Internacional, Trump foi acusado de retenção de documentos confidenciais e conspiração com um importante assessor para ocultá-los do governo e dos seus próprios advogados.
Já em março, separadamente, o procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, indiciou o candidato presidencial por acusações de falsificação de registos comerciais.
"Tenho como certo que a qualquer momento surgirá uma acusação do enlouquecido Jack Smith [procurador especial responsável pelo caso] e o seu gangue de bandidos altamente partidário relacionado com o meu discurso pacífico e patriótico", destacou o ex-presidente republicano (2017-2021), numa mensagem na sua rede social Truth Social, antes do anúncio da indiciação.
O magnata descreveu a possível acusação como "outra tentativa" de encobrir "as más notícias sobre suborno e extorsão vindas do 'lado' de Biden".
"Parece que é assim que fazem. Interferência eleitoral. Má conduta fiscal", sublinhou ainda Donald Trump.
A mais grave ameaça à democracia americana na história moderna
O processo criminal surge numa altura em que Trump lidera o grupo de republicanos que tentam obter a nomeação presidencial do seu partido.
O ex-presidente e os seus apoiantes - e até mesmo alguns dos seus rivais - vão certamente rejeitá-lo como mais uma acusação com motivações políticas.
No entanto, as acusações têm origem numa das mais graves ameaças à democracia americana na história moderna.
Centram-se nos turbulentos dois meses após as eleições de novembro de 2020, em que Trump se recusou a aceitar a sua derrota e espalhou mentiras de que a vitória lhe tinha sido roubada.
A turbulência resultou no motim no Capitólio dos EUA a 6 de janeiro de 2021, quando os leais a Trump invadiram violentamente o edifício, atacaram agentes da polícia e perturbaram a contagem dos votos eleitorais no Congresso.
[Notícia atualizada às 23h37]
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