O Governo ucraniano disse que um 'drone' (aeronave sem tripulação) iraniano lançado pela Rússia atingiu um silo nas margens do rio Danúbio, danificando cerca de 40 mil toneladas de cereais destinados a África, China e Israel.
A porta-voz da diplomacia francesa, Anne-Claire Legendre, criticou a Rússia por só pensar nos interesses próprios, "à custa das populações mais vulneráveis".
Com os bombardeamentos, Moscovo procura aumentar o preço dos produtos agrícolas a nível global e impedir as exportações da Ucrânia, "um dos seus principais concorrentes".
A França continuará a fornecer ajuda alimentar aos "países mais afetados pela insegurança alimentar causada pela agressão russa", disse a porta-voz num comunicado, citada pela agência francesa AFP.
Legendre condenou ainda a Rússia por continuar a visar infraestruturas civis, "em violação do direito humanitário internacional".
"Estes atos inaceitáveis constituem crimes de guerra e não devem ficar impunes", acrescentou, fazendo eco das palavras da chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna.
Os ataques russos das duas últimas semanas, que têm atingido em particular infraestruturas portuárias e sobretudo na cidade de Odessa (sudoeste), seguem-se à decisão de Moscovo de não renovar o acordo de exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro.
O Presidente romeno, Klaus Iohannis, também considerou inaceitáveis os "ataques contínuos da Rússia" contra infraestruturas portuárias ucranianas no rio Danúbio perto da Roménia, afirmando tratar-se de "crimes de guerra".
A Roménia, membro vizinho da NATO, tem ajudado a Ucrânia a vender os cereais desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.
O Danúbio, que nasce na Alemanha e desagua no Mar Negro, é uma importante via comercial para vários países europeus, incluindo a Ucrânia e a Roménia.
Na Ucrânia, o Presidente Volodymyr Zelensky disse que os ataques constituem uma ameaça para todos em todos os continentes e voltou a acusar Moscovo de terrorismo.
Zelensky pediu uma resposta internacional, argumentando que os ataques atingem o transporte de cereais para todo o mundo.
Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.
As Nações Unidas assinaram, em julho de 2022, um acordo com a Rússia, a Ucrânia e a Turquia para permitir escoar os cereais retidos em portos ucranianos pela guerra iniciada cinco meses antes.
Um ano depois, Moscovo não aceitou renovar os acordos alegando que as sanções ocidentais não permitiam fazer cumprir um dos termos, que era a exportação dos produtos russos, incluindo fertilizantes.
De acordo com a ONU, o acordo permitiu exportar "mais de 32 milhões de toneladas de produtos alimentares de três portos ucranianos do Mar Negro para 45 países em três continentes".
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