"Estou profundamente preocupada com a escalada dos esforços repressivos para silenciar críticas legítimas de oponentes, ativistas e cidadãos comuns, enquanto a Rússia continua a sua agressão brutal contra a Ucrânia", afirmou Marija Pejcinovic-Buric num comunicado hoje divulgado.
Alexei Navalny foi condenado na passada sexta-feira a mais 19 anos de prisão por "extremismo", quando já cumpria outros nove anos por fraude.
Por seu lado, Vladimir Kara-Murza foi condenado em abril passado a 25 anos por várias acusações, incluindo alta traição.
Para Pejcinovic-Buric, "a constante falta de uma administração imparcial da Justiça na Rússia revela a natureza arbitrária e infundada do processo" contra os dois opositores.
"Como o Conselho da Europa reiterou em várias ocasiões, Alexei Navalny e Vladimir Kara-Murza devem ser libertados sem demora", insistiu.
A representante do Conselho da Europa enfatizou igualmente que as autoridades russas devem "continuar também sob a obrigação de esclarecer as tentativas anteriores contra a vida de ambos" os oponentes.
Vários países da União Europeia (UE), como a Alemanha e a França, assim como o Reino Unido, já lamentaram e criticaram esta nova condenação contra Navalny, considerando que se trata de mais uma tentativa de silenciar a oposição.
Também na passada sexta-feira, a organização Human Rights Watch (HRW) já tinha denunciado que esta nova condenação a Navalny é "mais uma prova" da "determinação que o Kremlin tem de decapitar a oposição russa".
"A nova condenação totalmente infundada contra Alexei Navalny é um testemunho da determinação do Kremlin de decapitar a oposição russa nos próximos anos", declarou Hugh Williamson, diretor para a Europa e Ásia Central da HRW, citado pela agência Europa Press.
Em poucos anos, Navalny passou de militante ultranacionalista a arauto do combate à corrupção e à guerra e a principal opositor ao Governo liderado por Vladimir Putin.
Navalny sobreviveu a um envenenamento em 2020, pelo qual responsabilizou o Kremlin, e está detido desde 2021.
A sentença de "extremismo" conhecida na sexta-feira passada é a sua terceira e mais longa pena de prisão, na sequência de um novo processo no qual o opositor estava a ser julgado desde junho à porta fechada.
Esta pena deverá ser cumprida numa nova colónia prisional com condições particularmente difíceis.
Na véspera da leitura da sentença, o opositor tinha afirmado esperar uma pena "longa, estaliniana".
Numa mensagem divulgada sexta-feira passada na sua página da rede social Facebook pela sua equipa de defesa, Navalny exortou os russos a continuarem "a resistir" ao regime de Putin.
O Conselho da Europa foi criado em 1949 para defender os Direitos Humanos, a Democracia e o Estado de direito e integra atualmente 46 Estados-membros, incluindo todos os países que compõem a UE.
Leia Também: Pena para Navalny permite "decapitar oposição russa durante muitos anos"