Antigo procurador nomeado por Trump diz que acusações são "legítimas"

William Barr foi procurador-geral dos Estados Unidos demitiu-se em dezembro de 2020, depois de contrariar o então presidente e garantir que não houve qualquer fraude eleitoral.

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Notícias ao Minuto
07/08/2023 10:41 ‧ 07/08/2023 por Notícias ao Minuto

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Donald Trump

O antigo procurador-geral norte-americano, outrora um dos mais fiéis funcionários de Donald Trump, considerou no domingo que o processo contra o ex-presidente por tentar reverter o resultado das eleições presidenciais de 2020 é "legítimo" e não compromete o direito de liberdade de expressão.

Em entrevista ao programa 'Face the Nation', da CBS News, William 'Bill' Barr declarou que o caso contra Trump é "certamente desafiante, mas não compromete a Primeira Emenda" - isto depois da defesa de Donald Trump ter argumentando que as declarações do presidente caíam no espectro da liberdade de expressão, e da própria acusação ter admitido que o antigo líder tinha o direito de declarar, ainda que sem provas, que as eleições tinham sido fraudulentas.

Para Bill Barr, as ações de Trump vão para além do discurso político, por envolverem um plano para comprometer as eleições norte-americanas.

"Isto envolve uma situação em que os estados já tinham determinado de forma oficial e autoritária quem é que tinha ganho os respetivos estados, e enviaram os votos para serem certificados pelo Congresso. A alegação pelo governo, essencialmente, diz que o presidente conspirou, entrou um plano, num esquema, que envolveu muito engano, com o objetivo de apagar esses votos e anulá-los", explicou.

De recordar que Donald Trump foi oficialmente acusado pela justiça norte-americana de tentar reverter o resultado das eleições de 2020, que foram ganhas por Joe Biden. Trump ligou a vários oficiais eleitorais em estados que Biden ganhou com uma pequena margem, nomeadamente na Geórgia, e nunca admitiu a derrota, mesmo quando todas as autoridades declararam o resultado como legítimo. As declarações de Trump acabariam por culminar com o comício do dia 6 de janeiro, no qual o ex-presidente nacionalista terá incitado a multidão a invadir o Capitólio.

Barr, que foi nomeado por Trump em 2019 para ser procurador-geral, saiu do governo em dezembro de 2020, depois de ter sido um dos que declarou que não tinha havido registo ou evidências de fraude eleitoral.

O antigo procurador acrescentou que a acusação argumenta que houve uma substituição dos painéis que certificam os resultados eleitorais, depois de o então presidente ter procurado atingir mais votos. "Isso foi claramente errado e as certificações que assinaram eram falsas. Mas depois pressionar o vice-presidente a usar isso como um pretexto para autorizar os votos para Trump e rejeitar os votos para Biden, ou mesmo atrasar o processo, não importa. É preciso recordar que um crime de conspiração fica completo a partir do momento em que os primeiros passos foram dados", esclareceu, sugerindo que, se Trump avançou com essa substituição de órgãos eleitorais, pode ter cometido logo aí um crime.

Trump foi acusado de quatro crimes relativamente à sua alegada interferência nas eleições presidenciais, que incluem conspirar contra os Estados Unidos e contra atos oficiais. Na quinta-feira, o empresário - que é novamente candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano -, declarou-se inocente e, desde então, tem contestado a imparcialidade da justiça na região de Washington D.C..

São várias as acusações em torno de Trump. Além do processo sobre as eleições, espera-se que seja formalmente acusado por levar documentos secretos para a sua residência no resort de Mar-a-Lago e, ainda, a sua empresa está envolvida numa investigação a crimes financeiros.

Há também casos mais pessoais, como a acusação de violação contra a escritora E. Jean Carroll, com o juiz a considerar que o ex-presidente abusou sexualmente de Carroll. Trump apelou e processou a escritora logo após a decisão.

Apesar dos vários processos, Trump continua a ser, de longe, o principal favorito à nomeação pelo Partido Republicano, para defrontar Joe Biden nas eleições presidenciais de 2024.

Leia Também: Trump pede mudança do julgamento do Capitólio para fora de Washington

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