Faz esta terça-feira, 08 de agosto, exatamente um mês desde o desaparecimento do pequeno Émile, da aldeia de Haut-Vernet, na região de Alpes-de-Haute-Provence, França.
Apesar da passagem do tempo e das investigações em curso, nada de sabe sobre o menino de dois anos que desapareceu ao final da tarde de 08 de julho, quando brincava no jardim de casa dos avós, onde a família passava férias, depois de ter dormido a sesta.
Numa conferência de imprensa, a 9 de julho, o procurador de Digne-les-Bains, Rémy Avon, revelava que os primeiros elementos davam conta de que a criança saiu da casa dos avós e foi vista "numa rua em declive por duas pessoas".
"É aqui que depois o perdemos de vista", disse, na altura. Desde então, só restam questões.
Para o local foram mobilizados, ao longo das últimas semanas, inúmeros recursos, já depois de ter sido aberto um inquérito judicial. A área de buscas foi alargada, mais recentemente, mas os trabalhos de campo acabaram por terminar sem elementos novos.
"As investigações continuam, mas por enquanto não há nenhum elemento novo", informou o Ministério Público de Aix-en-Provence, citado pela BFMTV.
As esperanças em encontrar o menino com vida tornaram-se cada vez mais escassas, especialmente depois de análises forenses a vestígios de sangue terem concluído que nenhum dos dados encontrados estava associado a Émile.
No sábado à noite a pequena aldeia de Haut-Vernet ficou acessível a todos e os moradores tentam retomar a vida normal, apesar da agitação das últimas semanas.
As notícias mais recentes apontam que a família de Émile entrou com uma ação cível e tornou-se parte civil do processo, podendo agora ter acesso sobre o curso do mesmo.
"Pais e avós não querem expressar-se, temos de respeitar isso"
Note-se que após o desaparecimento também muito se disse sobre a família do menino, que até então não quebrou o silêncio.
"Pais e avós não querem expressar-se, temos de respeitar isso. Tudo o que dizem sobre nós é uma teia de besteiras (...) Somos católicos e de direita, e então?", disse um familiar de Émile à BFMTV na última sexta-feira.
Em causa está o facto de terem sido conhecidas as ligações do pai da criança à extrema-direita francesa e à pertença a uma organização católica extremamente ortodoxa. Os membros da família continuavam, na última semana, em Haut-Vernet, onde frequentam, recorrentemente, as missas celebradas.
Segundo o jornal L'Indépendant, o pai do menino foi absolvido em 2018 por suspeitas de ter agredido uma pessoa num ataque alegadamente xenófobo e, em 2021, o seu nome surgiu numa lista de apoio a Éric Zemmour - o candidato presidencial francês que se colocou ainda mais à direita que Marine Le Pen e que se tornou popular pelas suas propostas extremamente islamofóbicas, como banir o nome Mohammed ou destruir mesquitas.
Émile é oriundo de La Bouilladisse, uma localidade situada perto de Marselha, na região da Côte D'Azur. O autarca de La Bouilladisse explicou que a família era muito autossuficiente, "muito religiosa e muito discreta", que ia à missa em latim a Marselha em vez de ir à igreja da sua localidade, e com uma grande parte do núcleo familiar a ser escolarizado a partir de casa.
Os pais de Émile mudaram-se para La Bouilladisse como um casal há um ano.
Caso pode ser "arquivado"
Apesar da ausência de notícias, no final de julho, em declarações ao Var-Matin, um ex-procurador alertou que este "pode tornar-se num caso arquivado".
"Quando as crianças têm entre 7 e 12 anos, podemos pensar que é um desaparecimento ligado a algo sexual", também explicou Jacques Dallest. "O que é muito menos provável no caso de crianças muito pequenas, como o pequeno Émile", revela, pese embora nenhuma hipótese tenha sido descartada.
Já François Daoust, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Criminal da Gendarmaria, também reagiu a este caso, em declarações à RTL. "Entre as hipóteses que estão sobre a mesa, há sempre a do rapto de oportunidade", disse. "É a única [...] onde podemos dizer que há hipóteses de encontrar a criança viva", afirmou.
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