Num comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, a coordenadora humanitária para a Ucrânia do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), Denise Brown, considerou "absolutamente impiedoso" atingir o mesmo local em duas ocasiões no espaço de minutos.
"Estou profundamente perturbada com os últimos ataques russos que atingiram edifícios residenciais e outros locais civis em Pokrovsk, na região de Donetsk, segunda-feira à noite, matando e ferindo dezenas de civis", afirmou Denise Brown.
"É absolutamente impiedoso atingir o mesmo local duas vezes no espaço de minutos, causando a morte e os ferimentos de pessoas que rapidamente se deslocaram para ajudar os sobreviventes, incluindo as equipas de salvamento do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia. São pessoas da linha da frente, que ajudam as pessoas nos seus momentos mais difíceis, e devem ser respeitadas", denunciou.
Para Denise Brown, o "horrível ataque" constitui "uma grave violação do direito humanitário internacional e viola qualquer princípio de humanidade", que se junta à "longa lista de ataques na Ucrânia, incluindo muitos nos últimos dias", que devem ser investigados.
A responsável do OCHA prosseguiu sublinhando que as organizações humanitárias já se encontram no terreno a prestar assistência.
Entretanto, o mais recente balanço dos ataques russos com mísseis na cidade ucraniana de Pokrovsk, divulgado hoje pelo governador de Donetsk, Pavlo Kirilenko, dá conta de pelo menos sete pessoas mortas, cinco delas civis, e 81 feridos.
O anterior balanço dava conta de cinco mortos e 30 feridos.
Numa publicação na plataforma Telegramn, Kirilenko adiantou que 39 civis, incluindo duas crianças, bem como 31 polícias, sete membros do Serviço de Emergência do Estado e quatro militares estão entre os feridos.
Segundo a agência noticiosa Ukrinform, das sete vítimas mortais, cinco são civis, uma é um elemento de uma equipa de salvamento e outra é um soldado.
O número de mortos, segundo admitiu Kirilenko, pode aumentar à medida que prosseguem as buscas e a remoção dos escombros.
O ataque, que teve como alvo vários edifícios residenciais de cinco andares, também atingiu um hotel e restaurantes, lojas e edifícios administrativos próximos, que ficaram danificados. As autoridades abriram uma investigação sobre um alegado crime de guerra russo.
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), que presta apoio às autoridades locais, informou anteriormente que um segundo míssil caiu quando uma primeira equipa de emergência já se encontrava na zona.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha denunciado o ataque na noite de segunda-feira.
"Temos de acabar com o terror russo. Todos aqueles que lutam pela liberdade da Ucrânia salvam vidas. Todos os povos do mundo que ajudam a Ucrânia irão derrotar os terroristas juntamente connosco. A Rússia será responsabilizada por tudo o que fez nesta guerra terrível", sublinhou Zelensky na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
As forças armadas ucranianas referiram dezenas de ataques às suas posições na véspera, incluindo mais de 30 bombardeamentos aéreos, e denunciaram os efeitos da ofensiva sobre os civis num relatório publicado ao final do dia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para Kiev e com a imposição a Moscovo de sanções políticas e económicas.
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