Julgamento de aliada de Navalny por "extremismo" suspenso na Rússia
Um tribunal na Sibéria, no centro da Rússia, começou hoje a julgar Ksenia Fadeïeva, uma aliada do opositor do regime, Alexei Navalny, acusada de ter "criado uma organização extremista", mas a audiência foi rapidamente suspensa.
© Lusa
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Uma porta-voz do tribunal, Larissa Markina, confirmou à agência de notícias France-Presse por telefone que "o tribunal Sovetsky em Tomsk começou a examinar o caso de Ksenia Fadeïeva", que é também acusada de "participar de uma organização que atenta contra os direitos dos cidadãos".
Logo após o início, a audiência, durante a qual o Ministério Público iria ler a acusação, foi suspensa, por um dia, para permitir que um novo advogado de Fadeïeva tomasse conhecimento do caso, que segundo a imprensa local envolve 90 volumes de documentos.
A ativista de 31 anos foi eleita em 2020 como deputada municipal na cidade de Tomsk, juntamente com outros ativistas independentes na Sibéria, um raro sucesso para a oposição russa na época.
Antes das eleições, durante uma visita a Tomsk para demonstrar apoio a Fadeïeva e outros opositores locais, Navalny foi envenenado. Gravemente doente, foi transferido para tratamento na Alemanha e depois preso e condenado à prisão ao regressar à Rússia.
O grupo que Navalny fundou, o Fundo Anticorrupção, foi encerrado pelas autoridades russas em 2021 por "extremismo", não só devido às suas atividades na denúncia de corrupção, como a declarações dos seus principais funcionários.
Muitos dos colaboradores de Navalny deixaram a Rússia, mas Ksenia Fadeïeva recusou o exílio e foi detida em dezembro de 2021.
A 04 de agosto, um outro tribunal russo tinha condenado Navalny a 19 anos de prisão, a sua terceira e mais longa pena de prisão, também por alegadamente ter estabelecido uma "organização extremista".
Navalny, condenado em 2022 a nove anos de prisão por fraude num processo que classificou como vingança política, estava desde junho a ser julgado à porta fechada no estabelecimento penitenciário IK-6 de Melekhovo, situado a 250 quilómetros a leste de Moscovo, onde se encontra a cumprir pena.
Foi a sua quinta condenação criminal -- todas elas consideradas pelos seus apoiantes como uma estratégia deliberada do Kremlin, a Presidência russa, para silenciar o seu mais feroz opositor.
A acusação tinha pedido 20 anos de prisão e o próprio político de 47 anos afirmou, segundo uma mensagem divulgada nas redes sociais pelos seus familiares, que esperava receber uma pena pesada, "longa, estaliniana".
"Isso não é muito importante, porque se segue o caso de terrorismo. Serão 10 anos ou mais", comentou na ocasião Navalny, que se diz alvo de uma acusação de "terrorismo" num processo à parte, do qual são até agora conhecidos muito poucos pormenores.
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