De acordo com a AP, Shah Mahmood Qureshi -- que já foi por duas vezes ministro dos Negócios Estrangeiros -- foi detido no sábado à noite na sua residência na capital, Islamabad, pela Agência Federal de Investigação por alegadamente ter revelado uma carta em que afirmava que o ex-primeiro-ministro Imran Khan, acusado de corrupção e recentemente condenado por venda ilícita de bens do Estado, tinha sido afastado do poder pelos Estados Unidos.
O diretor-geral da Agência Federal de Investigação, Mohsin Hassan Butt, confirmou que Khan e Qureshi foram ambos acusados ao abrigo da Lei dos Segredos Oficiais do Paquistão, sem adiantar mais pormenores.
A carta em causa não foi tornada pública, mas aparentemente tratava-se de correspondência diplomática entre um embaixador paquistanês em Washington e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Islamabad.
Este é o mais recente desenvolvimento num impasse entre a administração do primeiro-ministro cessante Shehbaz Sharif e o seu antecessor Imran Khan, que foi detido no início deste mês por acusações de corrupção.
Khan foi afastado em abril de 2022, na sequência de uma moção de censura, mas defendeu que a sua destituição foi planeada por Washington, o governo de Sharif e os militares, uma alegação refutada por todos os visados.
Documentos do caso sobre a detenção de Qureshi indicam que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Khan e outros estão envolvidos na comunicação de informações numa carta secreta classificada para pessoas não autorizadas, "distorcendo os factos para alcançar seus motivos ulteriores e ganhos pessoais".
Os documentos alegam que conspiraram para utilizar indevidamente o conteúdo da carta para realizar os seus "desígnios nefastos".
Qureshi foi detido horas depois de ter dado uma conferência de imprensa, na qual exigiu condições de igualdade para o PTI, alegando que milhares de apoiantes estão atrás das grades. Afirmou ainda que o partido irá contestar qualquer possível atraso nas eleições, que deverão realizar-se no final deste ano.
Imran Khan foi condenado a uma pena de três anos numa prisão de alta segurança na província oriental do Punjab, tendo sido substituído por Qureshi na liderança do PTI. Shehbaz Sharif acusou Khan de ter exposto um documento oficial secreto num incidente ocorrido no ano passado, quando acenou com uma carta diplomática confidencial num comício.
Khan tem mais de 150 processos judiciais contra si, incluindo várias acusações de corrupção, "terrorismo" e incitamento à violência durante os protestos de maio, em que os seus seguidores atacaram propriedades governamentais e militares em todo o país.
Desde maio que as autoridades têm procurado controlar os apoiantes e aliados do político, detendo milhares de seguidores de Khan pelo seu alegado envolvimento nos tumultos.
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