África do Sul defende ação dos BRICS perante tensão geopolítica

A chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, defendeu que os BRICS devem enfrentar as atuais tensões geopolíticas para uma nova ordem mundial multipolar, destacando as ameaças aos direitos humanos e a violação das leis internacionais.

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Lusa
22/08/2023 09:42 ‧ 22/08/2023 por Lusa

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"Todos estes desafios exigem um novo impulso e vontade política para fortalecer as relações multilaterais", salientou a ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, no dia em que arranca no país a cimeira do grupo das economias emergentes.

Na ótica de Pandor, citada na imprensa local, tem havido também uma "proliferação de fóruns alternativos e processos paralelos, fora dos processos multilaterais estabelecidos, onde as decisões são tomadas por poucos, privando assim muitos direitos".

Todavia, a governante sul-africana reiterou que a pretensão do bloco não deverá ser considerada como uma "agenda anti-Ocidente".

Naledi Pandor falava num jantar de gala empresarial dos BRICS realizado em Midrand, arredores de Joanesburgo, na noite de segunda-feira.

Na manhã do mesmo dia, a chefe da diplomacia sul-africana recebeu o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à chegada ao aeroporto internacional de Joanesburgo.

Já o Presidente da República sul-africano Cyril Ramaphosa, anfitrião da cimeira, deslocou-se pessoalmente ao aeroporto para receber pelas 22:00 locais (menos uma hora em Lisboa), o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que hoje inicia em Pretória, a capital do país, uma visita de Estado antes da cimeira dos BRICS.

Segundo o líder chinês, a China quer perspetivar "os próximos 25 anos" de cooperação com Pretória, sublinhando que a África do Sul foi o primeiro país africano a assinar o instrumento de cooperação 'Belt and Road' com a República Popular da China.

"É o maior parceiro comercial da China em África há 13 anos consecutivos, além de ser um dos países africanos com maior volume de investimento chinês", referiu Xi.

A cidade de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul, vai acolher a partir do final da tarde de hoje, e até à próxima quinta-feira, a 15.ª cimeira do bloco BRICS, marcada pela polémica ausência do Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, que participará por videoconferência.

A Rússia vai estar representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov. O Presidente Vladimir Putin decidiu não comparecer à cimeira devido ao mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por alegados crimes de guerra na Ucrânia, e do qual a África do Sul é signatária.

Espera-se que as negociações para reduzir a dependência das superpotências globais ocupem o centro das atenções na reunião anual de hoje entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A expansão do bloco, a "desdolarização" das economias dos países membros e as mudanças climáticas são os temas principais da reunião.

Os países BRICS representam mais de 42% da população mundial e 30% do território do planeta, além de 23% do produto interno bruto (PIB) e 18% do comércio global, sendo os maiores parceiros comerciais de África, segundo o governo sul-africano.

Leia Também: Grupo BRICS decide na África do Sul nova ordem mundial multipolar

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