Perante "a recusa do embaixador francês em Niamey em responder ao convite" do ministério "para um encontro" e devido a "outras ações do governo francês contrárias aos interesses do Níger", as autoridades "decidiram retirar a sua aprovação a Sylvain Itte e pedir-lhe que deixe o território nigerino dentro de 48 horas", lê-se na nota.
Esta decisão surge na sequência de uma série de declarações e manifestações hostis à França, desde que o Exército nigerino derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, em 26 de julho, que desde então se encontra detido juntamente com parte da sua família.
O regime militar, em particular, acusou Paris de querer intervir militarmente no Níger para colocar Bazoum de volta ao poder e alegou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) é uma organização "militarizada" pela França, antiga potência colonial na região.
A França tem destacados na região 1.500 militares que ajudavam o regime do Presidente Bazoum a lutar contra os grupos 'jihadistas' que há anos destroem o Níger e uma grande parte do Sahel.
O golpe de Estado no Níger foi liderado em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente e a suspensão da Constituição.
Uma intervenção militar regional contra a junta está em cima da mesa desde 30 de julho, anunciada então pelos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, que manifestam, não obstante, continuar empenhados no diálogo para resolver a crise.
Até à data, a junta militar em Niamey não só ignorou as ameaças como nomeou um novo primeiro-ministro e formou um governo de transição, avisando que o uso da força será objeto de uma resposta imediata e enérgica.
Uma eventual ação militar dividiu a região, com os governos da Nigéria, Benim, Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem a disponibilidade dos seus exércitos para intervir em território nigeriano.
No outro extremo, Mali e Burkina Faso, vizinhos do Níger e ambos governados por juntas militares que também tomaram o poder pela força, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra eles.
O Chade, a Guiné-Conacri, a Argélia e Cabo Verde rejeitaram igualmente a intervenção militar, e defendem que a solução deve ser encontrada através do diálogo.
Do mesmo modo, a União Africana (UA) manifestou-se contra a possibilidade de uma intervenção militar, mas suspendeu o Níger como membro da organização até ao restabelecimento efetivo da ordem constitucional.
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