O opositor russo Alexei Navalny, que se encontra preso numa prisão de alta segurança na Rússia, assinalou, esta segunda-feira, o 60.º aniversário do discurso intitulado "I have a dream" ("Eu tenho um sonho", em português) de Martin Luther King Jr. e revelou que o decorou e pronunciou cerca de 200 vezes enquanto estava na solitária.
"Décadas e milhares de quilómetros separam-me da Marcha sobre Washington para o Emprego e a Liberdade, neste dia de 1963. No entanto, nos últimos seis meses, este acontecimento histórico tornou-se tão próximo de mim que, por vezes, parece-me que estive lá", começou por contar na rede social X (antigo Twitter).
Navalny contou que se "quando se está sentado numa cela solitária sem papel e sem caneta, tenta-se aprender algo de cor". E, por isso, memorizou o discurso de Martin Luther King Jr, que tem uma duração de 17 minutos.
"Pronunciei-o, andando à volta da cela, penso eu, cerca de duzentas vezes. Cada vez que o faço, admiro-o como da primeira vez e não me canso de o fazer", revelou.
"O discurso dirige-se aos americanos e é dedicado à política americana. Este discurso, assim como o próprio King, é certamente uma mais-valia para toda a humanidade. Parabéns a todos pelo aniversário de ter os dois", acrescentou.
Decades and thousands of miles separate me from the March on Washington for Jobs and Freedom on this day in 1963. However, over the past six months, this historic event has become so close to me that sometimes it seems to me that I was there.
— Alexey Navalny (@navalny) August 28, 2023
That is because if you are sitting…
Sublinhe-se que o opositor do regime do presidente russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 47 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
Inicialmente, recebeu uma sentença de dois anos e meio de prisão por violação da liberdade condicional, mas, no ano passado, foi condenado a nove anos de prisão por "fraude" e "desrespeito do tribunal". Este mês, somaram-se mais 19 pelo crime de extremismo.
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