Ao receber os familiares das vítimas da "Tragédia de Karrada", que leva o nome do bairro alvo do atentado suicida do miniautocarro-bomba, o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Chia al-Soudani, indicou "a execução das penas de morte" destinadas a "três dos principais criminosos condenados pela sua participação" no ataque, segundo um comunicado.
Os enforcamentos ocorreram na noite de domingo e na manhã de hoje, especifica o texto, que não revela a identidade das três pessoas executadas nem a data da sua condenação.
Em outubro de 2021, as autoridades iraquianas anunciaram a detenção, "fora do país", do "terrorista Ghazwan al-Zawbai", então apresentado como o responsável por este ataque de 03 de Julho de 2016.
Al-Zawbai é uma das três pessoas executadas, disse uma fonte governamental à AFP.
O ataque foi realizado quando os iraquianos faziam compras antes do Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do mês de jejum do Ramadão.
Ao todo, 323 pessoas morreram no atentado reivindicado pelo EI, que na altura ainda controlava grandes áreas do território iraquiano. O ataque abalou o bairro comercial de Karrada, no centro da capital, destruindo edifícios e causando grandes incêndios.
Após a sua ascensão meteórica ao poder em 2014 e a conquista de vastos territórios no Iraque e na vizinha Síria, o EI viu o seu autoproclamado "califado" desmoronar-se sob o impacto de sucessivas ofensivas nestes dois países.
Embora as autoridades iraquianas tenham declarado a sua vitória contra o EI no final de 2017, as células terroristas continuam a atacar esporadicamente o pessoal do exército e da polícia, especialmente em áreas rurais e remotas.
Durante vários anos, os tribunais iraquianos ordenaram centenas de penas de morte e de prisão perpétua previstas no Código Penal para qualquer pessoa que se junte a "um grupo terrorista", quer o acusado tenha lutado ou não nas suas fileiras.
Em 2022, o Iraque foi o sexto país com maior número de execuções no mundo, segundo um relatório publicado pela Amnistia Internacional, com mais de uma dezena de execuções. No mesmo ano, foram proferidas mais de 41 sentenças de morte, segundo a mesma fonte.
Em 2020, mais de 45 pessoas foram executadas, segundo a ONG.
Para a justiça iraquiana, o terrorismo, mas também os homicídios dolosos, valem a pena de morte por enforcamento para os seus perpetradores.
Segundo um relatório da ONU publicado em julho, "a estrutura principal" do EI continua a ter "5.000 a 7.000 membros no Iraque e na República Árabe Síria, a maioria dos quais são combatentes".
Segundo esta mesma fonte, "a ação antiterrorista das forças iraquianas continuou a conduzir a uma redução das atividades do Daesh (sigla em árabe para EI), que no entanto manteve uma insurgência de baixa intensidade".
Em março, um alto funcionário militar iraquiano garantiu, contudo, que o EI tinha entre 400 e 500 combatentes ativos no Iraque.
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