Papa criticado por instar jovens russos a recordar herança imperialista
Francisco pediu aos jovens russos para não esquecerem que são "herdeiros da grande Rússia de Pedro, o Grande" e Catarina II. Ucrânia acusou-o de propaganda.
© TIZIANA FABI/AFP via Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
O Papa Francisco foi criticado, na segunda-feira, pelo governo ucraniano por ter dito a jovens russos para não se esquecerem da sua "hereditariedade" e para se lembrarem que são "herdeiros da grande Rússia de Pedro, o Grande".
Na base das críticas está o facto de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter comparado, em junho do ano passado, a sua política à do czar, quando este combateu a Suécia, invadindo uma parte do seu território, bem como a Finlândia, uma parte da Estónia e da Letónia.
Segundo a agência de notícias Reuters, o Papa Francisco leu o seu discurso em espanhol, através de um vídeo, na sexta-feira, durante o Dia da Juventude Católica Russa. No entanto, no final mudou para italiano.
"Não se esqueçam da vossa hereditariedade. Sois herdeiros da grande Rússia - a grande Rússia dos santos, dos reis, a grande Rússia de Pedro, o Grande, de Catarina II, o grande império russo, culto, com tanta cultura, tanta humanidade. Vós sois os herdeiros da grande mãe Rússia. Sigam em frente", disse no discurso improvisado.
POPE FRANCIS CAUSES INTERNATIONAL STORM
— Catholic Arena (@CatholicArena) August 28, 2023
The pope told young Russian Catholics:
"Don't forget your heredity. You are heirs of the great Russia - the great Russia of the saints, of kings, the great Russia of Peter the Great, of Catherine II, the great Russian empire, cultured,… pic.twitter.com/9Tgr5kstSz
A Reuters revelou ainda que o Vaticano divulgou o discurso na íntegra, contudo não foi incluído o último parágrafo.
Nas redes sociais, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko, lembrou que "é através de tal propaganda imperialista" e a "necessidade de resgatar a grande mãe da Rússia que o Kremlin justifica o assassinato de milhares de ucranianas e ucranianos a e destruição de centenas de cidades e aldeias ucranianas".
"É muito lamentável que as ideias de grande estado russas, que, de facto, são a causa da agressão crónica da Rússia, conscientemente ou sem saber, venham da boca do Papa, cuja missão, no nosso entendimento, é justamente abrir os olhos da juventude russa para o curso desastroso da atual liderança russa", atirou.
Já esta terça-feira, o Vaticano divulgou um comunicado, na qual afirma que o "Papa pretendia encorajar os jovens a preservar e promover tudo o que há de positivo no grande património cultural e espiritual russo, e certamente não exaltar a lógica imperialista e as personalidades governamentais, mencionando alguns períodos históricos de referência".
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que quase dez mil civis morreram e mais de 16 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 11h59]
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