Zelensky critica posição de Lula sobre guerra. Brasil já reagiu
"O presidente Lula deve perceber claramente que a guerra é na Ucrânia e não é na Rússia", afirmou o chefe de estado ucraniano.
© Nils Petter Nilsson/Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou a posição do seu homólogo brasileiro, Lula da Silva, sobre a guerra.
Num excerto de uma entrevista do chefe de Estado ucraniano à RTP, que será transmitida na íntegra na noite de hoje, Zelensky lembra que a guerra não é na Rússia, nem no Brasil, nem nos Estados Unidos, mas sim na Ucrânia, onde as pessoas estão a morrer.
"Quando falamos de uma fórmula de paz, unilateral ou multilateral, devemos ser justos. E o presidente Lula deve perceber claramente que a guerra é na Ucrânia e não é na Rússia. Nem no Brasil. Nem na África. Nem dos Estados Unidos. A guerra é concretamente na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos", começou por dizer.
"São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países", completou Zelensky.
Quando instado a comentar declarações de Lula na Silva na semana passada na Cimeira dos BRICS que "o Brasil não contempla fórmulas unilaterais para paz", o presidente ucraniano defendeu: "Para dizer algo, é necessário perceber quem é a vítima e quem é o agressor. Isso é muito importante. E, sendo assim, isso não é uma fórmula unilateral, é a fórmula do país que sofre com tudo isso", acrescentou.
Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o Presidente brasileiro já tinha em abril admitido a cedência da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma "mentalidade obsoleta da Guerra Fria".
Em reação, Zelensky declarou que a Ucrânia é um país democrático e pretende envolver "o maior número de países possível" para a fórmula de paz de Kyiv, que exige a retirada das forças russas da Ucrânia e rejeita qualquer concessão territorial. No entanto, disse estar aberto a propostas.
Mas se as essas propostas se baseiam em ceder alguma parte do território, então isso não é coerente", afirmou.
"Não é compatível com o respeito da nossa integridade territorial e soberania (...) As pessoas devem respeitar os territórios dos Estados independentes", rematou.
Entretanto, a presidência brasileira reagiu a estas declarações, referindo que "respeita" as palavras de Zelensky, mas não as considera críticas porque sempre condenou a invasão, segundo cita a RTP.
[Notícia atualizada às 20h52]
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