Nobel deixa direção de jornal russo após ser declarado agente estrangeiro

O jornalista russo Dmitri Muratov, galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2021, decidiu abandonar o cargo de diretor da Novaya Gazeta após ser declarado "agente estrangeiro" pelas autoridades russas, anunciou hoje o jornal independente num comunicado.

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Lusa
04/09/2023 18:46 ‧ 04/09/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Muratov está categoricamente em desacordo com a decisão do Ministério da Justiça e recorrerá aos tribunais", lê-se na nota publicada na plataforma digital Telegram.

Enquanto decorrem as diligências judiciais, Muratov cessará as funções de diretor do jornal, que serão exercidas de forma provisória por um dos seus adjuntos, Serguei Sokolov.

A Novaya Gazeta salientou que o seu diretor foi acusado de ser um "agente estrangeiro", não por receber financiamento externo, mas por "formar uma opinião negativa sobre a política interna e externa da Rússia".

"É claro. Pela sua opinião e as suas ideias", observou.

A 01 de setembro, o Ministério da Justiça russo declarou Muratov "agente estrangeiro", acusando-o de participar "na elaboração e difusão de materiais por parte de agentes estrangeiros" e também de "utilizar plataformas estrangeiras para difundir opiniões destinadas a formar uma atitude negativa em relação à política interna e externa".

No princípio de março de 2022, Muratov apelou para um cessar-fogo "incondicional" na guerra na Ucrânia -- iniciada a 24 de fevereiro desse ano -- e anunciou a entrega da medalha do prémio Nobel da Paz a uma fundação de ajuda a refugiados ucranianos.

O galardão foi vendido em Nova Iorque num leilão que obteve a soma recorde de 103,5 milhões de dólares (95,8 milhões de euros), que foram encaminhados para a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para ajudar as crianças ucranianas.

Muratov também denunciou o que classificou como "genocídio" dos órgãos de comunicação social independentes na Rússia, onde foram encerrados quase 300 títulos.

Recentemente, o jornalista sublinhou que são cada vez mais os cidadãos russos que desejam a paz, mas que a guerra é uma questão de sobrevivência para o Presidente russo, Vladimir Putin.

Nos últimos meses, o prémio Nobel participou na defesa jurídica do ativista Oleg Orlov, um dos dirigentes da organização não-governamental Memorial, que recebeu o Nobel da Paz em 2022, a ser julgado por desprestigiar o Exército russo.

A Novaya Gazeta foi proibida pelas autoridades russas em setembro de 2022, depois de o jornal ter suspendido em março desse ano a sua publicação.

Nos termos de uma lei russa aprovada em finais de 2019, a partir de agora, o próprio Muratov e a comunicação social russa que publique os seus artigos na Rússia deverão identificar todos os seus materiais jornalísticos como elaborados por um "agente estrangeiro".

Leia Também: Erdogan diz que Kyiv deve "suavizar" posição sobre acordo dos cereais

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