Maksym Kuzminov, de 28 anos, do 319.º Regimento Separado de Helicópteros da Aviação Militar Russa, surge no documentário "Pilotos Derrotados da Rússia", publicado no domingo à noite pela Direção de Inteligência Militar da Ucrânia, no seu canal da plataforma YouTube.
Este militar russo explicou no vídeo a sua decisão de levar o helicóptero para a Ucrânia com o desejo de não se envolver em crimes de guerra e apelou a outros pilotos russos para seguirem o seu exemplo.
Kuzminov referiu que contactou representantes da inteligência militar ucraniana, que garantiram a sua segurança, ofereceram-lhe novos documentos e uma compensação financeira, antes de prosseguir com a operação.
Este russo tomou a decisão final enquanto voava perto da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, em 09 de agosto, guiando o helicóptero através da fronteira a uma altitude extremamente baixa.
"Aparentemente, durante três ou quatro dias ninguém [na Rússia] entendeu o que aconteceu comigo", sublinhou.
De acordo com o vídeo, Kuzminov ficou ferido após a aterragem, mas recebeu assistência médica a tempo.
Os serviços secretos ucranianos confirmaram hoje na rede social no Telegram que outros dois tripulantes morreram após se terem recusado a render.
"O que está a acontecer agora é simplesmente um genocídio do povo ucraniano, um genocídio tanto de ucranianos como de russos. A principal razão da minha decisão foi não facilitar estes crimes", realçou Kuzminov.
A inteligência militar ucraniana sublinhou que os pilotos russos que decidirem mudar de lado receberão "garantias de acordo com a lei", incluindo uma compensação financeira pelo equipamento militar entregue.
"Vocês não se vão arrepender de forma alguma. Terão absolutamente tudo para o resto da vida", frisou Kuzminov no vídeo, dirigindo-se aos pilotos russos.
De acordo com o documentário, Kuzmonov forneceu "provas muito valiosas sobre as aeronaves, sistemas de comunicações e rede de campos de aviação do Exército inimigo".
O piloto e a sua família estão atualmente na Ucrânia, informou a inteligência militar ucraniana.
"As garantias de segurança para a família do piloto foram uma parte importante da operação", destacou ainda.
Esta operação especial, que durou meses, exigiu "máximo sigilo" porque a Rússia utiliza "medidas sem precedentes" para não permitir que os seus pilotos tenham qualquer contacto com pessoas "não verificadas", revelou também a inteligência militar ucraniana.
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