Feijóo considera que Espanha vive "anomalia democrática"
O presidente do Partido Popular de Espanha (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, considerou hoje "uma anomalia democrática" que seja um fugitivo à justiça a impor as condições do futuro Governo do país, numa referência ao independentista catalão Carles Puigdemont.
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Para Feijóo, é também uma "anomalia democrática" que um membro do Governo de Espanha em funções, a ministra do Trabalho e líder do partido Somar, tenha viajado para o estrangeiro para se reunir com Puigdemont, na segunda-feira, com o objetivo, segundo o líder do PP, de negociar a viabilização do próximo executivo do país.
"Nunca devíamos ter chegado ao extremo de que as condições para o Governo de Espanha sejam estabelecidas por um político alvo de busca e captura pela justiça espanhola. Nunca devíamos ter chegado a esta situação. Mas este é o caminho escolhido pelo Partido Socialista (PSOE)", afirmou Feijóo, numa conferência de imprensa em Madrid.
Pouco antes das declarações de Feijóo, o ex-presidente do governo regional catalão Carles Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola, pediu uma amnistia para os independentistas condenados ou acusados por causa da tentativa de autodeterminação da Catalunha naquele ano.
Puigdemont estabeleceu a amnistia como condição prévia para o partido de que faz parte, o Juntos pela Catalunha (JxCat), negociar a viabilização do novo Governo de Espanha, na sequência das legislativas de 23 de julho, depois de o líder do PSOE e primeiro-ministro em funções, Pedro Sánchez, ter dito na segunda-feira que vai conseguir um acordo para se manter à frente do executivo e que a próxima legislatura deixará "definitivamente para trás" a fratura aberta na Catalunha em 2017.
"Espanha está a sofrer as consequências de uma anomalia democrática que é difícil de explicar em qualquer país do nosso contexto", defendeu hoje o presidente do PP, que considerou que "se está a pôr em causa, depois de 500 anos, a integridade territorial" do país.
"O que esta a pedir o senhor Puigdemont é, primeiro, que não haja igualdade dos cidadãos perante a lei e que se beneficiem os que não cumpriram a lei (...). Em segundo, um referendo e em terceiro que se financie a independência", acrescentou.
Feijóo disse que as exigências de Puigdemont são "inaceitáveis e impossíveis", que violam a Constituição de Espanha, e desafiou Sánchez a dizer que não está disposto a pagar este preço para continuar a ser primeiro-ministro.
Para o presidente do PP está em causa a defesa da igualdade perante a lei, a divisão de poderes no Estado de Direito e "a unidade da nação", pelo que "qualquer partido de Estado" num país europeu recusaria as condições de Puigdemont para formar governo.
Feijóo falava após uma reunião com o presidente do partido de extrema-direita VOX, Santiago Abascal, que elegeu o terceiro maior grupo parlamentar nas eleições legislativas antecipadas de 23 de julho.
Abascal reiterou hoje o apoio incondicional a um eventual governo minoritário do PP, o partido mais votado em 23 de julho, "unicamente como alternativa à vergonha de ver os partidos separatistas leiloar a nação sem pudor perante a perplexidade de todos os espanhóis".
O PP continua porém sem reunir os apoios necessários para a investidura de Feijóo como primeiro-ministro pelo parlamento, agendada para 26 e 27 de setembro.
Já o PSOE tem assegurado que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos de uma 'geringonça' de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas, que já conseguiu juntar em 17 de agosto, na eleição da presidência do parlamento.
Nessa eleição da presidência do parlamento, o PSOE contou já com o apoio do JxCat, de Carles Puigdemont.
O PSOE tem dito que a investidura de Feijóo no final deste mês será um fracasso e esperam que a seguir Sánchez seja eleito primeiro-ministro pelo plenário dos deputados.
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