Parlamento ucraniano aprova demissão de ministro da Defesa
O parlamento da Ucrânia aprovou hoje a demissão do ministro da Defesa, Oleski Reznikov, anunciada no domingo pelo presidente Volodymyr Zelensky, que nomeou para o seu lugar o ex-deputado e presidente do Fundo de Propriedades do Estado, Rustem Umerov.
© Getty Images
Mundo Ucrânia
A votação resultou em 327 votos a favor -- em 450 lugares --, revelou Yaroslav Zhelezniak, deputado do partido centrista Holos (Voz).
Através da plataforma Telegram, o mesmo deputado avançou que a sessão para confirmar Umerov como novo ministro da Defesa da Ucrânia ocorrerá na quarta-feira.
Após a votação, os membros eleitos da Rada (parlamento ucraniano) aplaudiram de pé Reznikov, que estava presente na sessão, segundo imagens divulgadas na imprensa de Kiev.
Um ano e meio depois do início da invasão russa, Reznikov, que chefiava a pasta da Defesa desde novembro de 2021, destacou na segunda-feira após oficializar a sua demissão que foi "uma honra" poder "servir a Ucrânia" no "período mais difícil da história moderna" do país.
Apenas um dia antes, Zelensky disse que, embora Reznikov estivesse no Ministério da Defesa há mais de 550 dias numa "guerra em grande escala", o ministério precisava de "novas abordagens e outros formatos de interação com os militares e com toda a sociedade".
Ao propor o nome de Rustem Umerov para liderar a pasta da Defesa, o Presidente ucraniano frisou que a Rada conhecia bem o representante e que "o senhor Umerov não precisava de apresentações adicionais", manifestando confiança na aprovação parlamentar.
A mudança de Reznikov, um advogado de 57 anos, por Umerov, ex-deputado e tártaro da Crimeia, de 41 anos, na liderança do Ministério da Defesa surge em plena contraofensiva ucraniana, iniciada em junho contra as tropas russas, e após a divulgação de vários casos de corrupção envolvendo as forças armadas, relacionados com sobrefaturação de bens alimentares para o exército e subornos nos centros de recrutamento.
Estes casos levaram Zelensky a promover uma série de demissões na cadeia de comando e de titulares de cargos públicos.
Rustem Umerov é um proeminente líder da comunidade tártara da Crimeia que tem representado Kiev em negociações sensíveis com Moscovo.
Nasceu no que então era a república soviética do Uzbequistão, onde a família foi exilada durante o regime de Estaline, e era ainda uma criança quando os tártaros foram autorizados a regressar, nas décadas de 1980 e 1990 e se reinstalou na Crimeia, que foi, porém, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014.
Tanto após a anexação da Crimeia como depois do início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Umerov participou, diversas vezes, em negociações discretas com Moscovo, nomeadamente sobre trocas de prisioneiros e operações de retirada de civis.
Fez parte da delegação ucraniana para as negociações com Moscovo que, com o patrocínio da Turquia e da ONU, permitiram a criação de um corredor marítimo para a exportação dos cereais ucranianos pelo mar Negro.
O facto de pertencer ao grupo muçulmano tártaro permitiu a Umerov estabelecer contactos muito próximos com o mundo árabe especialmente na Turquia e na Arábia Saudita.
Formado em economia e finanças e fundador de uma empresa de tecnologias de informação, foi deputado entre 2019 e 2022 pelo partido centrista, liberal europeísta Holos (oposição), até ser nomeado presidente do Fundo de Propriedades do Estado, um cargo de grande visibilidade num país onde o processo de privatização está minado pela corrupção.
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