"O governo de Espanha quis ter um gesto especial para assinalar os 50 anos do golpe de Estado de 1973 no Chile e desclassificou documentação relacionada [com o golpe] como contribuição para a recuperação da memória democrática", escreveu Carmen Montón nas redes sociais.
Carmen Monton é a observadora permanente de Espanha na Organização dos Estados Americanos e entregou na terça-feira, em Washington, ao seu homólogo chileno, Sebastián Kraljevich, os documentos desclassificados pelo governo de Madrid relacionados com o golpe militar que acabou com o governo de Salvador Allende e levou ao poder o ditador Augusto Pinochet.
Com esta iniciativa de Espanha, a partir de agra, poderão analisar-se e estudar-se "muitos documentos" sobre o golpe e as relações do Chile com a OEA nos anos de 1972, 1973 e 1974, acrescentou Carmen Monton.
Na terça-feira, a OEA homenageou Salvador Allende e decidiu batizar com o nome do antigo presidente do Chile a porta principal do edifício onde funciona a sede da organização, em Washington.
O representante do Chile na OEA afirmou na cerimónia, segundo a agência de notícias EFE, que o golpe de 1973 e a ditadura que se seguiu tiveram um impacto "severo em todo o hemisfério, com consequências que continuam presentes até hoje nos mais variados âmbitos da vida social, desde a política à economia, da cultura aos Direitos Humanos".
"Oito em cada dez famílias de desaparecidos [no Chile] continuam ainda a procurá-los. [O golpe] Está também presente nos desafios e turbulências que enfrentam as nossas democracias imperfeitas, onde olhares autocráticas provocam tensões todos os dias", afirmou Sebastián Kraljevich.
A ditadura militar no Chile (1973-1990) resultou em cerca de 40 mil pessoas torturadas e presas e mais de três mil opositores executados, um terço dos quais continua desaparecido, segundo dados oficiais.
Encabeçado pelo general Augusto Pinochet, o golpe derrubou o governo do Presidente Salvador Allende, que morreu no ataque militar ao Palácio de La Moneda.
Allende tinha vencido as eleições em 1970 apoiado pela coligação de esquerda Unidade Popular (UP).
A ditadura no Chile (1973-1990) deixou mais de 40 mil vítimas entre mortos, desaparecidos e presos políticos, segundo os números de uma comissão oficial.
Mais de 3.200 chilenos morreram durante o regime de Pinochet.
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